Este comentário será meio inútil (por que eu estou fazendo então???). Há algum tempo venho enxergando a economia brasileira como se estivéssemos vivendo à época do plano real. Isso mesmo, como se estivéssemos em 1994, com a diferença de que àquele momento o dólar estava abaixo de R$ 1,00 e depois ficou mais ou menos nesse preço.
Hoje, comparativamente àquele período, estamos com o dólar igualmente “barato”. Quer uma outra semelhança? Os juros, estão igualmente altos. Engraçado, pensei que iria ser rápido escrever essa postagem mas parece que vou ter que fazer algumas pesquisas nas bases de dados para fundamentar minhas afirmações.
A taxa de inflação nesse período (julho de 1994 a abril de 2007), pelo IGP-M, chegou a 281%, a dos americanos, no mesmo período, chegou a 39,28%. Desse modo, a variação entre o dólar e o real deveria ter sido de 173%, isto é, o dólar deveria, se naquele tempo o valor da moeda americana era R$ 0,85 (logo no lançamento do real), ser hoje de R$ 2,33 aproximadamente.
O que mudou? Para melhor: mudou o preço das “commodities” (mercadorias que são básicas, e cuja marca não interessa como, por exemplo: a soja, o minério de ferro, o aço, o petróleo) e, por conta disso vendemos mais (na realidade o preço desses produtos subiu e nós recebemos mais dólares por eles) para o exterior do que compramos.
Para pior: a nossa dívida líquida (o que temos a pagar menos o que temos a receber) mais que dobrou quando comparada à nossa renda (PIB). Antes estávamos liquidamente endividados em 14% da renda anual do País e hoje atingimos 31% dessa renda.
Falei que o comentário era meio inútil porque não tenho bola de cristal para dizer quando e se isso vai mudar. Tenho a impressão de que esta situação não é, como os economistas gostam de chamar, de equilíbrio. Talvez até seja um equilíbrio instável conforme definiriam os engenheiros. O equilíbrio instável pode ser descrito como uma bola parada em cima de um cone. Qualquer mudança nos ventos leva a “redonda” diretamente para o chão.