Segundo o New York Times de hoje (23/08/2007), os quarto maiores bancos norte-americanos tomaram emprestado do FED (Banco Central daquele país), US$ 500 milhões cada um.

A justificativa para tal empréstimo, diga-se de passagem, realizado apenas após a redução da taxa de juros para o redesconto(ver último parágrafo), foi praticar um ato “simbólico”, destinado a “remover o estigma” de que pedir emprestado ao banco central é a última instância para as instituições financeiras.

Ora, esse estigma não pode ser removido com este ato, porque: a) Se o FED deixou um dinheiro disponível para os bancos em geral, era justamente porque não havia liquidez no mercado e eles não conseguiriam crédito de outra forma, senão a custos elevadíssimos, ou seja: o FED é a última instância; e b) Se eles não precisavam pedir dinheiro emprestado ao FED, é porque esta é a última instância (novamente) a que os três grandes recorreriam.

Ainda na linha do papo furado, o FED afirma que a linha de crédito é mais um sinal de solidez do que de fraqueza.

Bom, o fato é que, hoje seria o dia em que deveriam ser divulgados os nomes dos bancos que recorreram ao crédito oferecido pelo FED, conforme matéria do Wall Street Journal reproduzido pelo Valor Econômico.

Certamente, se um ou mais desses quatro bancos aparecesse “sozinho na foto”, a coisa ficaria feia para o seu lado.

Dessa forma, me parece que o FED conseguiu, na melhor das hipóteses, manter as cartas embaralhadas, não mostrando onde está o “mico”. Aliás, este é o seu papel, até que a situação esteja sob controle.

Em tempo: Redesconto é uma forma de empréstimo concedida pelo Banco Central àquelas instituições que não conseguiram financiar-se no mercado (junto a outros bancos ou junto aos investidores). Normalmente esta operação é realizada com taxas de juros mais elevadas do que as de mercado como uma forma de punição. A taxa do FED para o redesconto, nesse caso, foi reduzida de 6,25% a a para 5,75%, mas ainda assim ficou mais alta que a taxa básica daquele país, fixada em 5,25%.