A Sara comenta e pergunta:
apesar de todos consultores financeiros desaconselharem o investimento em imóvel, acredito que essa regra não se aplica a Brasília. A cidade foi invadida por uma oferta enorme de novos empreendimentos residenciais, a valorização de localizações nobre tem sido igual ou superior a de bons investimentos (bolsa, títulos públicos, CDBs, qual sua opinião a respeito? essa oferta excessiva pode representar queda no preço, ou menor liquidez a curto prazo?
Oi, Sara,
Sua pergunta é muito interessante. Eu acho que a oferta de imóveis em Brasília ainda vai ficar um pouco aquém da demanda, principalmente nos próximos dois a três anos. Digo isso por conta dos aumentos de salário projetados para o funcionalismo público, que é quem, em última instância, compra imóveis na Capital Federal.
Por outro lado, os imóveis usados ainda serão um pouco mais difíceis de negociar, porque não temos a experiência de fazê-lo, e acabamos perdendo alguma coisa quando compramos no lançamento e vendemos depois de alguns meses.
Além disso, como o preço subiu muito, aquela atividade de “vender o ágio” vai se tornando pouco a pouco mais difícil de dar bons ganhos. Conheço vários amigos que empataram com a renda fixa nos negócios imobiliários realizados.
O outro problema ocasionado pelo aumento dos preços dos imóveis é o retorno. Quando investimos em imóveis podemos ter dois objetivos: ganho de capital (aplicar X e vender o imóvel depois por X + o ganho de capital) ou renda. Neste último caso, precisamos comparar o retorno com o valor do bem. É uma simples divisão: R/X, onde R é a renda gerada pelo imóvel, descontados todos os custos, tempo que o imóvel fica desocupado e a depreciação, e X é o valor do imóvel naquele momento (não é o valor pelo qual você comprou). Quando esta relação fica muito pequena (entre 0,04 e 0,02, por exemplo), indica que há outras opções mais vantajosas de investimentos.
Obviamente, você não vai sair vendendo o seu imóvel nesse caso, mas a racionalidade indicaria isso.
Por fim, quanto à sua pergunta se o haverá queda no preço ou redução da liquidez (maior dificuldade para vender os imóveis), não nesse momento, mas se houver algum tipo de “congelamento” nos salários dos servidores, certamente acontecerá os dois, como em um período do Governo anterior.