Banco Central (BC) aprova a fusão do Itaú com o Unibanco

Esta é a nota mais “sem novidade” do sistema solar. É óbvio que o Banco Central iria aprovar a fusão. Os motivos já foram discutimos em postagens anteriores.

Segundo a nota à imprensa que foi divulgada pelo BC: “A associação foi analisada sob dois aspectos: societário e de concentração no Sistema Financeiro Nacional. Sob o aspecto societário, o Banco Central concluiu que a iniciativa enquadra-se na estratégia de longo prazo de ambas as instituições, na condição de empresas com vasta experiência no sistema financeiro nacional e de projeção internacional.”

Eu achei interessante o trecho da nota que comenta a concentração:

“Sob a ótica da concentração no SFN, o Banco Central concluiu também que a operação não acarreta prejuízos à concorrência nesse sistema, a despeito de elevar o poder de mercado do novo conglomerado em alguns mercados relevantes de produtos financeiros.”

Gostaria de saber quais são os mercados relevantes que eles consideraram. Para mim, é claro que o mercado de contas correntes para pessoas físicas, no crédito, nas operações realizadas pelas financeiras (cada um tem uma), nos cartões de crédito, em vários mercados relevantes as operações sofreram uma fortíssima concentração e os prejuízos à concorrência serão altos.

Continua a nota: “Em face dessa nova posição do conglomerado Itaú Unibanco no SFN e dos ganhos de eficiência gerados pela operação, o Banco Central decidiu vincular a sua aprovação à observância de compromissos de desempenho no sentido de compartilhar tais ganhos com a sociedade.” Esta frase final até me fez me animar, mas foi por pouco tempo.
A decisão foi a de cobrar tarifas pelo valor daquela que for mais baixa entre as duas instituições. Ora bolas! Não há compartilhamento de ganho algum! Aliás, se comparado com os ganhos de escala (o BC chamou de eficiência), essa “dureza” do Banco Central foi um afago de avó.

Se a orientação fosse para reduzir em 30% as menores tarifas cobradas entre os dois bancos, isso sim, seria compartilhar os ganhos.

Ganho de escala é uma medida econômica que indica que firmas maiores podem produzir com menores custos do que as de menor porte. Isso é péssimo para a concorrência, pois estimula as grandes e possibilita a formação de empresas oligopolistas ou, até mesmo, chegar ao monopólio. No caso do Brasil, o monopólio só não acontece porque você tem o BB e a Caixa na área, ainda (embora não esteja defendendo os bancos públicos nessa postagem).