Hoje vamos falar um pouquinho de felicidade.
Estava lendo uma entrevista (Valor 22, 23 e 24/03/2009) com um dos autores do livro “Depois da Religião – O que será do Homem Depois que a Religião Deixar de Dita a Lei”. Achei o título curioso “O sagrado está dentro do homem” e fui percorrer as suas linhas.
Sem entrar no campo religioso, gostei muito de um trecho em que o co-autor Luc Ferry comenta sobre a sua opinião de que a filosofia, de que “a única questão verdadeiramente interessante é a boa vida”, uma vez que para “falar de justiça, de argumentação, ou de desconstrução dos asilos e prisões não temos mais necessidade da filosofia.” Para ele, a sociologia basta.
Mas, se eu não estou falando de religião, o que é que a filosofia tem a ver com o blog? Sei que somos um pouco impacientes, mas a questão tem a ver com a felicidade e o pensamento no futuro.
Grande parte da questão “planejamento financeiro” repousa no equilíbrio entre os gastos no presente e a garantia de manutenção de uma boa qualidade de vida no futuro.
Logo, estamos abrindo mão do consumo imediato por um consumo posterior.
Provavelmente, em uma fase da vida na qual não possamos mais empregar nossos esforços físicos, pelo menos não de maneira tão vigorosa quanto no tempo em que fomos jovens.
Nesse sentido, utilizo um trecho da entrevista em que Ferry defende que a preocupação da filosofia reside na discussão sobre a sabedoria e afirma que
“a filosofia começa na Grécia com essa idéia genial de que sábio é aquele que consegue viver no presente, sem ser constantemente submetido a dois males, que são o passado e o futuro. Por que? Porque todas as angústias vêm disso. Quando o passado foi feliz, permanecemos na nostalgia. Quando foi penoso, sentimos arrependimentos e culpas. Então, nos refugiamos no futuro, tentando nos convencer de que ele será melhor quando mudarmos de carro, de sapato, de penteado, de mulher, de marido, de casa…E, é claro, isso é uma grande ilusão. O sábio é aquele que consegue vencer o medo ou, como disse Marco Aurélio, aquele que consegue se lastimar um pouco menos, esperar um pouco menos e amar um pouco mais. Encontramos essa idéia em Spinoza, mas também em Nietzsche, na noção de ‘amor ao destino’, amor ao que está lá. O que mostra bem que os grandes filósofos, mesmo os menos religiosos, se interessam pela questão da sabedoria.”
Pois bem, é uma bela oportunidade de pensarmos no consumismo, no imediatismo e na forma como estamos vivendo o presente, o passado e o futuro no nosso comportamento financeiro.
O equilíbrio e a sabedoria devem fazer parte das nossas vidas, inclusive no mundo das finanças.