Um discurso do presidente do Banco Central Europeu é bastante elucidativa acerca das diferenças de abordagem que devem ser seguidas no tratamento da crise por parte dos governos daqueles países.
Para Jean-Claude Trinchet, há três diferenças báscias:
A primeira, é que o mercado de crédito nos Estados Unidos é muito menos dependente do sistema bancário. Conforme afirmou, em final de 2007, o total de empréstimos bancários somava 145% do PIB para a zona do euro, enquanto nos EUA o percentual chegava apenas a 63%.
A compra direta de papéis de crédito chega apenas a 81% do PIB na zona do euro, contra 168% nos Estados Unidos.
Trinchet afirma que o acesso ao crédito pelas pequenas e médias empresas demanda a utilização do sistema bancário, como é o caso do Brasil. Podemos afirmar que as condições de acesso aos financiamentos muito se assemelha àquela que vivemos aqui.
A segunda característica tem a ver com o impacto do mercado imobiliário na crise. Trinchet afirma que, apesar dos bancos europeus possuírem ativos “tóxicos”, não é o mercado imobiliário que se encontra no “epicentro da crise”. Mais uma vez, assemelhando-se ao caso brasileiro.
A terceira e última característica é a flexibilidade da economia. Segundo ele, “os preços dos bens e serviços são mais rígidos do que no caso americano. Esta rigidez, afirma, retarda um pouco a retomada do crescimento por um lado, enquanto por outro fornece proteção a resultados muito ruins.