O Martín, leitor do blog, fez considerações sobre a atuação de gestores de fundos. Como houve uma interação posterior, vou editar a parte da pergunta específica.
Primeiramente, parabéns pelo blog e obrigado pela oportunidade de lhe fazer perguntas.
Gustavo Cerbasi sugere em seu livro “Investimentos Inteligentes” a prática de remar contra a maré. Por exemplo, vender suas ações em momentos de euforia, quando todos estão comprando, e comprar novas ações nos momentos de pessimismo, quando todos estão vendendo.
As dúvidas do Martín, de modo sintético, estão focadas nos fundos setoriais (energia elétrica, construção civil, etc.) queriam saber:
- a) o valor da cota do fundo é afetado pela “marca do gestor”?
- b) se há um conjunto de fundos do mesmo setor, em um momento de queda (ou de subida), deve-se desconsiderar o gestor?
A cota do fundo pode ser afetada pelo gestor apenas na sua capacidade de escolher ativos que tenham bom desempenho. De certa maneira, não há como notar uma variação na cota dos fundos quando o gestor é bom, apenas pelo fato de ele ser bom, porque, em um fundo setorial, de maneira geral, os recursos investidos por novos cotistas são utilizados para a compra de mais papéis (ativos) e, por isso, não aumentam o valor da cota. Se o fundo for ETF, o gestor pode ter alguma relevância em momentos de forte alta ou de forte baixa, dado que há espaço para “descolamento” do valor de mercado da cota negociada na bolsa com os ativos que estão associados a ela (cota).
Certamente, não há como negar que um movimento de saída muito forte de um fundo qualquer pode levar à necessidade de venda de ativos de forma desordenada, promovendo perdas no valor da cota.
Embora existam estas possibilidades, são menos prováveis. De qualquer forma, a avaliação da qualidade do gestor é fundamental para qualquer decisão de investimento.
Amanhã discutiremos mais um pouco sobre essas observações.