Acabo de ver na CNN o rebaixamento da dívida americana para AA+, por parte da agência Standard&Poor’s. Aliás, no momento que publico esta postagem, nem mesmo a parte em português do site da agência dava esta matéria.
O rebaixamento significa que a nota dos títulos emitidos pelo Tesouro dos Estados Unidos da América perderam um “notch” e se encontram agora abaixo do nível mínimo de risco.
Vamos começar a falar português. Imagine uma escola. O professor atribui uma nota a cada um dos seus alunos. Você se lembra dos filmes americanos em que as notas são dadas em letras, sendo o A a mais alta e vai descendo? Pois é, este é o modelo adotado pelas agências que classificam o risco.
O aluno, na nossa postagem, é o Tesouro americano. O que esta sendo avaliado é, principalmente a probabilidade do Tesouro não pagar a dívida imensa que ele tem com os seus credores. O professor é a agência de rating, no caso, a Standard and Poor’s (que curiosamente é o sobrenome de duas pessoas e a tradução seria “Padrão” “Pobre”).
Veja as notas que a agência em questão atribui ao crédito (informação retirada do site da agência):
Muito bem, e o que acontece, então? Com o rebaixamento, que indica a maior probabilidade de default (nome chique que é utilizado pelos “sofisticados”, cuja substituição mais chula no vernáculo pátrio seria “calote”), o Tesouro americano deve pagar juros mais altos (manja o Brasil?…).
Pois é, mas a situação do Tio Sam não está tão preta assim, pelo menos com a Standard and Poor’s. Segundo a agência, desde 1981 até hoje, um título AA+ não deu calote em ninguém, como vemos no quaro abaixo:
O significado histórico é mais do que emblemático, porque não é todo dia que a referência de risco do mundo tem a dívida rebaixada, ainda que com uma probabilidade quase inexistente de dar o calote, uma vez que, se isso acontecesse, o mundo de hoje acabaria em termos financeiros. Talvez daqui umas dezenas de anos para frente podemos ter uma situação desse nível, mas o mundo todo estará mudado e o sistema financeiro estará centrado (ou descentralizado, quem sabe) alhures.
De ordem prática, haverá uma redução no valor dos papéis daquele país e os seus detentores (leia-se: China, Japão, etc., etc., e até o Brasilzão), terão um ativo com valor menor.
O mercado financeiro vai ficar um pouco embaralhado (ou não) para tentar encontrar outros parâmetros para fazer suas contas.
O povo estadunidense também vai ficar muito fulo da vida com a administração dos democratas que, diga-se de passagem, não têm muito a ver com esta confusão toda. Na época do Clinton o sistema financeiro estava enchendo o saco do Greenspan (ex-presidente do FED) para que não acabasse com o endividamento do Tesouro (a dívida americana reduzia-se fortemente naquele tempo), pois eles queriam ter os títulos de risco zero à disposição. Afinal, não existe sistema financeiro sem devedor, não é mesmo?
Pois bem, o que vai acontecer no futuro? Não acho que ninguém tenha esta resposta, embora chutes você vai ver muitos por aí. Só saberemos se e quando chegarmos lá.
Ótimo texto, muito explicativo. Gostei também tabela com os ratings!
http://encontrodeinvestidoras.blogspot.com/
Excelente artigo! Parabéns!
Olá, Phillip,
Muito obrigado.
Abraço do Beto
Beto,
Cara excelente texto, com uma linguagem fácil, e com exemplos claros.
americano siguinifica pessoas americanas
Olá, Juana,
De certa maneira, quando falo que o americano deve pagar juros mais altos, estou me referindo ao povo americano, que é quem paga os juros da dívida pública daquele país.
Acho que respondi.
Abraço do Beto