Eu acredito que na maioria das vezes o pensamento financeiro não é tão racional assim.
Vamos pensar no seguinte caso: imagine que você está em uma sala com uma pessoa desconhecida e uma terceira pessoa, vamos chamá-lo de Sr. A, entre na sala com R$ 50.000,00 em uma caixa e diga que companheiro de sala irá dividir o dinheiro da forma que ele entender ser a melhor. Ao mesmo tempo, o Sr. A informa que você tem o poder de veto, isto é: se você aceitar a divisão, os dois vão para casa com a parcela conforme atribuída pelo seu companheiro. Por outro lado, se você vetar a divisão, nem você nem ele levam nada para casa e o Sr. A fica com seu dinheiro de volta.
Imagine agora o que aconteceria se o seu companheiro de sala fizesse a divisão deixando R$ 1,00 para você e ficando com R$ 49.999,00 para ele. O que você faria?
Se você disser que aceita o R$ 1,00, estaria sendo a minoria absoluta dessa experiência, mas seria uma atitude racional de maneira estritamente financeira. Na realidade, você estaria escolhendo entre R$ 1,00 ou R$ 0,00.
Por outro lado, podemos dizer que a sua atitude teve como base outra racionalidade, que foi a psicológica, e você incorporou a função de “juiz”, procurando fazer prevalecer a “justiça”. Embora totalmente plausível e justificável o seu comportamento, vamos a alguns comentários sobre esta “justiça”:
a) você pagou R$ 1,00 para exercê-la, o que pode ter sido considerado barato para você, em comparação com a valoração que você faz desta ideia filosófica do caso.
b) Será que foi realmente injusta esta sua atitude, vez que o dinheiro, que não era seu, foi colocado na mão de outra pessoa que teve o “direito” de
c) será que em vez de aplicar a justiça você aplicou a vingança? Você pode estar revidando um ato que considerou haver sido prejudicial e, desta forma, imaginou: se não for para eu ganhar, o outro também não irá ganhar nada.
d) um outro ponto a levantar é que o seu companheiro de a outra pessoa pode acreditar que foi favorecida com a possibilidade de escolher a alocação e achar que, por esta posição, teria direito a receber todo o dinheiro.
Poderia ficar aqui discorrendo sobre uma infinidade de aspectos de uma atitude de negativa (ou veto), muitos deles que sequer podem se aplicar a você, mas este não é o objetivo Na realidade, o que pretendo com esta “experiência” é demonstrar que o dinheiro está associado a outros sentimentos que não exclusivamente o econômico. Além disso, que o comportamento com relação ao dinheiro não é, em boa parte das vezes, racional.