O desafio da ciência em entender como as decisões são tomadas é uma tarefa que não podemos considerar que tenha sido completada. Na realidade, dependendo do campo de visão pelo qual estejamos olhando, há uma diversidade de abordagens, a depender do ramo da ciência que se esteja afiliado. Talvez o único consenso seja: o processo de tomada de decisão é complexo! Que ótimo!
Um dos pressupostos econômicos para a compreensão da tomada de decisões é o das expectativas racionais, segundo o qual as pessoas:
a) entendem perfeitamente como a economia e os mercados funcionam,
b) levam em conta toda a informação disponível,
c) avaliam perfeitamente os impactos futuros de suas ações tomadas no presente, e
d) tomam suas decisões, de forma consistente, com base nesse conjunto de elementos.
Não precisa nem falar que se for visto ao pé da letra, trata-se de uma verdadeiro absurdo, pois tudo isso foge ao controle dos indivíduos. Estamos nos confrontando com algo mais parecido com uma “declaração de princípios”, ou uma “esperança” de como as coisas deveriam ser e não como elas são, no mundo real. Por outro lado, o conceito é tão profundo, que nos remete ao fato de que, de certa maneira, se tivéssemos todos os elementos mencionados, certamente agiríamos conforme o descrito. Mais ainda, a informação de que dispomos hoje irá afetar a nossa atitude com relação ao futuro, motivo pelo qual o conceito de expectativas racionais tem muito valor.
Há, como se pode imaginar, alguns problemas, do ponto de vista de “hardware” que impedem o nosso funcionamento como descrito. Podemos dizer que as pessoas têm capacidade cognitiva limitada: somos capazes de reter uma quantidade finita de informações em nossa memória. Agregue-se a isso o fato de que as percepções e a emoção exercem papel relevante, pois uma várias tendências e vieses inconscientes estão sedimentados no comportamento humano. Isso nos leva ao uso de algumas regras de bolso para solucionar a avaliação de probabilidades complexas de acontecimentos futuros. Em suma, não dá para funcionar corretamente, mesmo.
Assim, quando elaboram suas análises, os formuladores de políticas têm que levar isso em conta, principalmente ao pressuporem a existência de racionalidade na decisão daqueles que irão seguir as políticas por eles formuladas.