Este texto pode ser meio mal entendido, mas é uma questão sobre a qual sempre pensei. Será que temos a liberdade de não cuidarmos da nossa saúde?
Antes que você pense que se trata de mais um texto sobre saúde financeira e saúde física, digamos que é quase isso, mas sob uma visão um pouquinho diferente.
Todos nós reclamamos do montante de impostos. Mias ainda, reclamamos da baixa qualidade do atendimento prestado pelo SUS ou por outros serviços públicos afetos à área.
Poucos, no entanto, conseguem associar as duas coisas de forma coerente. Ainda que tenhamos certeza de que há muita ineficiência por parte do governo em administrar os recursos, se quisermos um serviço melhor, teremos que pagar mais por ele ou, tirar dinheiro de algum lugar para pagá-lo. Por exemplo, em vez de aceitarmos a redução do IPI para que um grupo de pessoas possa adquirir automóveis e eletrodomésticos novos, usaríamos os recursos para alguma coisa relativa à saúde.
Muito bem, mas antes que fiquemos nesse assunto de escolhas, vamos voltar ao tema.
Quando veio a Constituição de 1988, criou-se o conceito de universalização da saúde. Traduzindo: todas as pessoas, independentemente de qualquer critério de seleção, têm direito ao atendimento médico.
Imagine você o que significa isso. Se você paga um plano de saúde para ter uma consultinha de 15 minutos com um médico particular, dimensione o que é estender este plano de saúde aos mais de 130 milhões de brasileiros que não o têm.
Você dirá que essas pessoas serão mal atendidas e etc e tal. Sim, serão, porque não haveria dinheiro que chegasse para garantir essa montanha de pessoas sendo atendida gratuitamente num sistema que tivesse, no mínimo, o serviço “mais ou menos” oferecido por esses planos privados. Mas meu ponto ainda não está aí. Calma, e não me xinguem por isso, mas é só uma tentativa impensada de colocar um tema para discussão.
Será que temos o direito de descuidar da nossa saúde? Teríamos a liberdade de beber e sair dirigindo por aí? Ou de beber demais e continuamente? Podemos encher a pança de “fast food”, doces e salgadinhos de isopor? Será que tais liberdades são nossas?
Deveríamos pensar que estas atitudes somente geram aumento nos custos para o sistema de saúde e que é o bolso de outras pessoas que também está sendo afetado quando consumimos produtos inadequados para o bom funcionamento do nosso corpo?
Creio que existe um conceito que diz que o “nosso direito acaba onde começa o do outro”.
Não estou dizendo aqui que sou santo e que não cometo meus abusos e minhas invasões de direitos alheios. A intenção dessa postagem é compartilhar o peso na consciência com vocês, embora adimita que procuro selecionar os componentes da minha dieta.