É sempre assim: os criativos funcionários dos bancos têm idéias mirabolantes e as transformam em realidade, quando tudo está bem, com o auxílio (ou a omissão) dos funcionários dos bancos centrais que “querem deixar o mercado operar”. Depois, quando o negócio “dá zebra” (normalmente nos casos dos bancos, como este agora, dá uma “manada”), a turma que ganhou bônus por anos seguidos vem com a conversa mole pedindo para “socializar os prejuízos”.

O povo dos bancos centrais da vida, que não paga a conta diretamente, porque a divide com o resto da população, já tem até a ladainha pronta: “risco sistêmico e coisa e tal…” Essa moçada sequer fica de “castigo”. Deviam levar palmada, no mínimo.

Pois vejam só: “Worried Bankers Seek to Shift Risk to Uncle Sam” (Banqueiros preocupados procuram trasnferir o risco para o Tio Sam) este é o título da matéria do The wall street Journal de 14 de fevereiro de 2008. Imaginem o que vem por aí…

É por isso que quando o amigo Fábio sugeriu uma possível posição em cima do muro da minha parte quanto ao liberalismo, minha resposta está aí. Se é para ser liberal, vai pedir dinheiro à vovozinha. Se não é para ser liberal, amarra as operações com segurança e “toma” regulação.

Como diz a filosofia do mestre do filme “Karatê Kid” (ta bom, eu assisti e ainda aprendi com ele): Caratê sim ou Caratê “nô”. Se optar pelo Caratê “mais-ou-menos”, vai apanhar sempre.

4 Comentários

  1. Prezado Dr. Beto Veiga,
    Eu tenho que concordar. Infelizmente, verificamos muitos defensores do liberalismo louquinhos por uma ajuda da viúva quando acontecem as crises.
    Entretanto, acho que nessa questão dos mercados americanos até existe uma desculpa: a de que o FED errou. A idéia é a de que o FED deveria ter iniciado a flexibilização da política monetária ainda no primeiro trimestre de 2007, e não agora, e muito menos no desespero. As taxas de juros dos EUA estariam excessivamente elevadas durante quase todo ano de 2007, o que teria provocado a prejuízo de instituições financeiras.
    Portanto, ficaria justificada a idéia de quem criou a crise que tenha a responsabilidade por seus efeitos.
    Além disso, acho que precisamos reconhecer que existem esforços privados em atuação para socorrer algumas instituições em dificuldade. O anúncio do Warren Buffet último é um exemplo.
    Queria deixar uma dica interessante: precificação de resultados de eleição.
    http://www.intrade.com/jsp/intrade/contractSearch/index.jsp?clsID=19&grpID=95
    Neste site vc pode “comprar” ou “vender” a vitória da Hilary, do Obama ou do McCain, entre outros aspectos. Esse “mercado” aponta a vitória do Obama com mais de 50% de chance, contra 17% da Hilary e 35% do McCain. No resultado das primárias, dá Obama com quase 80% de chance de vencer a indicação Democrata.
    Bom, parabéns pelo Blog mais uma vez. Notícias interessantes e análises sucintas e acessíveis dos fenômenos econômicos da atualidade.
    Grande abraço.
    Fábio Mendes

  2. Caro Fábio,
    Muito obrigado pelos seus comentários, sempre instigantes e desafiadores.
    Para princípio de conversa, ainda que possa recorrer a este artifício, sou contra desculpas.
    Outra coisa é essa coisa de “o Fed deveria…” o Fed não deveria nada. Quem deveria ter cuidado é quem estava fazendo a operação, porque corria o risco de tomar uma pancada, como foi o que aconteceu.
    O que o Fed falhou foi em ter atendido o mercado, e deixado a farra continuar.
    Vc vai ver coisas semelhantes no Brasil, com relação a estes empréstimos para carros e os financiamentos imobiliários. É uma fatura para os próximos anos enquanto os bonus dos diretores dos bancos serão creditados nos próximos meses.
    Quanto ao anúncio do WB, estou escrevendo uma postagem sobre a proposta do “bondoso senhor” para resgatar as seguradoras. Vc precisa ver a matéria que saiu no NYTimes sobre o assunto: “Buffett Offers Aid on Bonds, but at a Price” (http://www.nytimes.com/2008/02/13/business/13bond.html?ex=1360645200&en=47fd17b08027d1df&ei=5124&partner=permalink&exprod=permalink).
    Mais uma vez, muito obrigado pelos seus comentários.

  3. Os bancos centrais são independentes dos governos mas não das intituições financeiras…

  4. É isso aí, Urano. Eu escrevi algo muito parecido com isso numa postagem muito antiga sobre regulação.

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