Reproduzo aqui este meu artigo que foi publicado na página www.mundomulher.com.br e está disponível lá até o dia 9/5/2008
Certamente, o ato de trocar um pneu deve ser deixado ao cavalheirismo ou à força física de um homem, mas a administração financeira merece a atenção feminina.
Cuidar das finanças pessoais é fundamental para garantir uma das maiores conquistas das mulheres: sua própria independência. Mas o que estava faltando? Uma pesquisa da Bovespa indicou que a comunicação das instituições financeiras com o público feminino era ineficiente. Muitas vezes a linguagem utilizada não era suficientemente clara para que as mulheres, novatas no mundo das finanças, entendessem o significado da mensagem. Sanar este problema foi o foco principal quando escrevi “O que as mulheres querem saber sobre finanças pessoais”. A meta foi explicar os conceitos financeiros de uma maneira tão clara e didática que o conteúdo do livro pudesse ser absorvido integralmente.
Minha preocupação com o texto estava diretamente ligada ao resultado esperado: trazer autonomia às mulheres que nunca tiveram contato com aplicações financeiras um pouco mais “sofisticadas” (classifico assim qualquer coisa diferente da caderneta de poupança).
Mas vamos ao que interessa: o nosso assunto aqui será o efeito do tempo e dos custos nas nossas aplicações financeiras.
Quanto antes começarmos a fazer a nossa poupança, menos precisaremos depositar mensalmente, ou, mais teremos juntado ao final. Por exemplo, se uma pessoa de 15 anos começar a poupar R$ 100,00 por mês, aos 45 terá juntado um valor de R$ 68.527,00. Para atingir este mesmo valor se ela começar aos 30 anos, ela teria que poupar R$ 280,00 por mês, o que é muito mais do que proporcionalmente a diferença de tempo exigiria (metade do tempo, mas quase três vezes mais em valor).
Para ajudar a planejar nosso objetivo, elaborei os dois quadros abaixo:
O primeiro é para saber quanto teremos se juntarmos R$ 100 por mês. Para outros valores, por exemplo, R$ 300,00, multiplique o valor do quadro por 3.
Quadro 1: Depósito mensal de R$ 100,00 (corrigido mensalmente pela inflação)
2 anos = R$ 2.492,56
5 anos = R$ 6.617,90
10 anos = R$ 14.669,59
15 anos = R$ 24.465,70
20 anos = R$ 36.384,17
30 anos = R$ 68.527,06
Taxa de juros de 4% ao ano acima da inflação. Os depósitos mensais devem ser corrigidos pela inflação.
O segundo é para nos informar quanto precisaremos depositar mensalmente para atingirmos um determinado valor pretendido, por exemplo: se quisermos juntar R$100.000 em 15 anos, multiplicaremos 100.000 x 0,00409, o que resulta em R$409,00 por mês.
Quadro 2: Fator para descobrir o valor do depósito mensal
2 anos – 0,04012
5 anos – 0,01511
10 anos – 0,00682
15 anos – 0,00409
20 anos – 0,00275
30 anos – 0,00146
Taxa de juros de 4% ao ano acima da inflação. Os depósitos mensais, após calculados, devem ser corrigidos pela inflação.
Utilizei uma taxa de juros de 4% ao ano acima da inflação (para podermos imaginar qual será o poder de compra no futuro) por considerar uma opção conservadora. Se quisermos atingir nossos objetivos temos que planejar com responsabilidade. Algumas instituições financeiras, quando apresentam aos clientes planos de investimento, utilizam taxas mais altas que resultam em valores acumulados maiores no final ou depósitos menores. Prefiro ser mais criterioso. Por outro lado, não devemos nos conformar com retornos baixos, mas é melhor fazer um esforço maior de poupança para garantirmos o nosso resultado.
O que devo alertar agora é para que tomemos cuidado com as taxas de administração cobradas pelos bancos, tanto nos fundos de investimento quanto nos planos de previdência. Em um momento de juros baixos, a taxa de administração pode ‘comer’ boa parte do rendimento. Ressalto, de qualquer modo, que a taxa de administração é o preço cobrado pela prestação de um serviço, que é o de fazer o dinheiro render bem. Assim, taxas de administração elevadas só se o banco estiver fazendo maravilhas por nós. No livro, discuto melhor o assunto e dou um exemplo de como elas podem afetar o rendimento de um fundo de investimentos, conforme apresentado no quadro abaixo:
Taxa de administração divulgada 1,00%
Retorno líquido em um ano 7,51%
Retorno líquido em dois anos 16,18%
Taxa de administração divulgada 2,00%
Retorno líquido em um ano 6,61%
Retorno líquido em dois anos 14,18%
Taxa de administração divulgada 3,50%
Retorno líquido em um ano 5,29%
Retorno líquido em dois anos 11,25%
Taxa de administração divulgada 4,00%
Retorno líquido em um ano 4,85%
Retorno líquido em dois anos 10,29%
A variação da taxa DI foi estimada, para os efeitos desta comparação, em 10,2% (hoje ela encontra-se mais alta do que isso, mas a intenção do livro é ser conservador). Os cálculos foram feitos sem considerar o “come cotas”. O retorno para um e para dois anos foi avaliado com incidência da alíquota de 17,5% e 15%, respectivamente. Fonte: Humberto Veiga em “O que as mulheres querem saber sobre finanças pessoais”
Finalmente, entendo que aprender essas noções básicas sobre finanças pessoais é, portanto, o primeiro passo para garantir a autonomia necessária à geração de um patrimônio suficiente a assegurar um futuro melhor.