Não, ainda, não, mas que o mundo vai desaquecer, até o cachorro da vizinha já está sabendo. Não que ele tenha feito curso de economia, mas todo dia, quando vai fazer o seu xixi, observa as notícias do jornal dormido.
Desta vez foi o Wall Street Journal. Com o título “Aumentam as indicações de que a desaceleração econômica é mundial”, o jornal começa dizendo que a Europa está “oferecendo a mais recente evidência de problemas”. O comentário refere-se à divulgação, na semana passada, da estatística de queda de 0,2% do PIB do segundo trimestre em relação ao primeiro. Esta seria a primeira vez, desde 1990, que o PIB dos 15 países que adotaram o Euro caiu.
Embora divirjam nos números, as firmas de consultoria entrevistadas pela matéria apontam para uma desaceleração da economia nesse ano. A atenção deve ser dada à palavra desaceleração. Para aqueles que não são muito amigos da física, desaceleração não indica parada ou recuo, mas diminuição na velocidade. Como o crescimento do PIB vinha muito bem, este ano, os “chutes” são de que ele cresça entre 3,2 e 1,8%. É uma variação tamanha, mas no campo da “adivinhação”, vale tudo.
Há duas coisas, contudo, que me deixaram preocupado: a primeira é que já é a segunda vez que vejo matérias falando de “tigres asiáticos” preocupados com a situação. Havia lido uma sobre a Coréia do Sul e esta agora já menciona Taiwan.
A segunda coisa é que uma cervejaria de Liverpool, dona de 100 pubs, viu a receita encolher, porque os consumidores estão gastando menos. A redução do consumo fez com que a empresa pedisse concordata, porque o banco lhe negou crédito.
Fiquei com pena, por causa da cerveja, mas o que acontece é o seguinte: tudo passa. Daqui a pouco, a situação volta ao normal. Não sem algum custo para a turma que gosta de gastar, mas para os que têm suas reservas, só há o risco de virem lhe pedir emprestado. A saída, para esse caso é reclamar da crise.