Você está em meio a uma crise econômica. Não tem a menor ideia de qual será o comportamento futuro do consumo, das instituições financeiras (muitas delas podem quebrar), das contratações e da força de trabalho. O que você faz?
Uma vez tive uma discussão sobre a operação de salvamento de uma empresa automobilística. Achava que era uma péssima atitude, uma vez que se estava utilizando dinheiro público para uma atividade privada. Eu estava, de fato, discutindo sobre uma gota d’água no oceano.
A necessidade de de intervenção do governo no mercado, que para mim deve ser muito avaliada e só tomada em última instância, tem a ver com algo que vai contra o que defendo: igualdade. O apoio governamental é a coisa mais desigual que pode acontecer. Ainda que se utilize o argumento do bem-estar da maioria, é uma grande falácia. Nesse pressuposto argumento esconde-se duas coisas: a primeira, cuidar da situação do próprio governo em vigor e, depois, favorecer determinado segmento econômico em detrimento de inúmeros outros.
O governo em vigor sofre fortemente em popularidade se as condições econômicas se deterioram. Os segmentos específicos, que tenham maior poder de mobilização e de pressão junto ao governo (muitas vezes seus patrocinadores) correm para buscar seu “naco” garantindo um ganho adicional para os momentos de vacas magras.
Vejam que os mesmos segmentos que são beneficiados num primeiro momento acabam se beneficiando no tempo seguinte, uma vez que o endividamento do governo aumenta e é demandado da população “um aumento nos juros para fazer frente ao risco pela incapacidade de pagamento da dívida”.
O que seria o certo, então? Você decida.