Um amigo me pergunta: “Por que somos tão vulneráveis à instabilidade de outras bolsas de valores???”

Há alguns fatores que influenciam na transmissão da instabilidade alheia para o nosso País. Vamos comentar alguns.

A percepção de risco dos investidores internacionais, isto é: se os investidores estrangeiros acham que há risco demasiado no Brasil, eles irão retirar os seus investimentos daqui. Um movimento de saída caracteriza-se, no caso do mercado acionário, pelo seguinte: eles vendem as ações em grandes quantidades na bolsa de valores (BOVESPA), o que faz o preço cair (queda da bolsa) e compram dólares para poder mandá-los de volta para o país de origem (alta do dólar).

A queda das ações nos mercados internacionais: empresas brasileiras têm ações negociadas por meio de recibos (ADR, por exemplo) em bolsas no exterior. Quando estas bolsas começam a cair, as ações que estão à venda por lá caem. Pelo efeito da “arbitragem”, como foi comentado na postagem anterior, os arbitradores vendem as ações no Brasil, porque elas estariam mais caras do que aquelas vendidas nas bolsas no exterior. Logo, o preço tende a cair aqui também, até o ponto em que está no exterior.

As perdas financeiras dos investidores internacionais em outros mercados: quando os mercados internacionais estão com os preços em queda, alguns investidores que estavam envolvidos em operações de risco perdem dinheiro em seus investimentos, ou são chamados a aumentar o total de suas garantias (normalmente em dinheiro) caso tenham feito promessas de compra ou de venda de algum tipo de papel. Como nosso mercado é líquido, isto é, é fácil vender uma ação daquelas que têm grande representatividade no índice, como Petrobrás, Vale do Rio Doce, etc., o investidor vende aquelas que possui por aqui, transformando-as em dinheiro e levando esses recursos para o exterior para dar em garantia aos negócios que fez. Esse movimento de venda das ações mais representativas faz seu preço cair e, com ele, a bolsa também.

Bom, em linhas gerais, esses são alguns dos motivos que nos fazem sentir aqui as crises alhures. O que faltou mencionar para deixar esta resposta mais completa é que, tal qual as crises, as situações de bonança lá fora também nos afetam. Não é por acaso que estamos crescendo a taxas elevadas nesses últimos anos. O País está, em grande parte, sendo beneficiado com o crescimento das economias americana, chinesa, etc. Não dá para entrar na festa e só comer o bolo. Tem que levar presente também, porque o controle contra os penetras é grande.