Conjugar o verbo “pagar” na primeira pessoa é um transtorno para alguns segmentos econômicos. Então, que tal pedir um descontinho e divulgar que é para o bem de todos?
A segunda medida do pacote de redução do spread a ser discutida é a diminuição da contribuição ao Fundo Garantidor de Créditos-FGC. Este fundo é um dinheiro reservado pelos bancos, e longe do alcance deles, para pagar aos pequenos depositantes das instituições que quebram.
O montante total de recursos desse fundo, embora alto, é insuficiente para resgatar os clientes dos grandes bancos brasileiros. Note que basta um grande banco fazer água que o fundo afunda junto.
A solução encontrada pelo governo para reduzir, a pedidos, o valor pago pelos bancos a este fundo (uma contribuição mensal de 0,025% do montante dos depósitos, passou a ser a metade: 0,0125%) foi inclui esse desconto no programa de redução do spread e, para parecer bonzinho com os eleitores, aumentar a proteção aos depositantes.
Isso causa dois problemas simultâneos: um aumento no risco do fundo, uma vez que o valor a ser pago por depositante foi elevado, e a diminuição da contribuição dos participantes (bancos). Desse modo, aumentará a distância para garantir os grandes bancos, o que, em caso de quebra, poderá (será??) levar a conta para o contribuinte.
Essa atuação arriscada do governo poderia até significar uma redução na taxa de juros paga pelos clientes, porém, não estivesse eu acompanhando as mais de vinte medidas que vem sendo implementadas desde 1999 (dentre elas a tão solicitada Lei de Falências) que não resultaram em mudança alguma para o consumidor, não apostaria um tostão que essa diferença irá parar no bolso do consumidor.
Além disso, a mudança afeta o custo em 0,15% ao ano, menos da um terço da redução da taxa básica de juros na última reunião do Copom, que foi de 0,5% ao ano.
2006-09-16