Nos últimos três anos, o caixa das empresas que lançaram ações na bolsa foi engordado em 32,6 bilhões de reais. Aquelas cujos donos venderam parte do seu capital amealharam outros 33,7 bilhões de reais.
Só para esclarecer alguém que não conheça muito o assunto, as negociações que ocorrem na bolsa todo o dia não significam uma transferência de recursos para as empresas. Tratam-se de negociações entre pessoas que adquiriram as ações e, depois resolveram vender para outras. Essa negociação, denominada “secundária” não gera um tostãozinho sequer para a empresa. O benefício que ela gera é criar um ambiente favorável às colocações “primárias”, isto é, aquelas nas quais a empresa realmente aumenta o seu capital com a venda de ações (pedaços da companhia) que ainda não estava em circulação.
O resumo desta ópera é chamar a atenção para dois aspectos importantes, a meu ver, nesse momento de entusiasmo. O primeiro deles diz respeito à análise de risco. Em momentos de euforia, há uma tendência ao aumento no “apetite” de risco dos investidores. Este aumento leva a uma outra situação grave: a possível diminuição da responsabilidade dos gestores dessas companhias em função da oferta de recursos mais favorável do que aquela que seria esperada em momentos mais restritivos.
O segundo ponto que me deixa sempre curioso é o fato de que a venda da participação acionária (aqueles que venderam parte do seu capital) foi superior à das ações novas, isso é, os controladores venderam mais do que possuíam do que o aumento de capital propriamente dito, na média.
Assim, continuando a linha de pensamento deste que vos escreve, cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém.