É impressionante esse “auê” que está sendo feito em torno do estoque de reservas.

Esse estoque monumental de dinheiro remunerado a baixas taxas de juros está sendo feito não pela “vontade” do Governo, mas numa tentativa de conter o preço do dólar, que não pára de cair.

As importações até acenam com um aumento mais forte, mas o mercado interno não consegue comprar tudo o que gostaria lá fora.

Essas reservas são importantes para controlar reduzir a chamada “vulnerabilidade externa”, mas elas não agüentam muito “desaforo” não.

A quantidade de recursos que pode sair do País, principalmente aquela que está aplicada nos títulos da dívida interna, que não estão comentando e que já chegou a R$1,2 trilhão, pode causar um grande estrago.

Vocês podem até estar pensando: vamos tratar um problema de cada vez. Eu concordo e não quero ser o Zangado dos Sete Anões, mas fico meio chateado quando ficam fazendo uma propaganda com base em algo que pode ser quase um “fetiche” que é essa dívida externa.

É preciso ficar claro o seguinte (isso eu deveria ter falado no começo da postagem): O Governo não planta um pé de soja, não é dono da Vale, não cria boi. Desse modo, todos os dólares que entram das exportações são dos exportadores, e não do Governo. Isso mesmo, das pessoas físicas.

Quando os exportadores querem reais aqui no Brasil eles vendem. No nosso sistema de “câmbio frutuante” (chamo assim porque o Governo está sempre metendo o bedelho), se ninguém quiser os dólares do exportador, ele que venda para a vovozinha dele a um real cada dólar (oitenta centavos, quem sabe). Aí, para dar uma forcinha no combalido “In God we trust” o Governo compra os dólares do exportador. Esse dólar fica aplicado em títulos do tesouro americano, por exemplo, ou em CDBs de bancos grandes no exterior, recebendo aqueles jurinhos que o FED está pagando.

A pergunta que você deve estar fazendo (e se não estiver eu faço por você) é a seguinte: com que dinheiro o Governo faz isso (compra esses dólares) se ele está devendo R$ 1,2 Trilhão (pagando juros de 11,25% ao ano= mais de R$100 bilhões)? Boa pergunta! É só pedir mais dinheiro emprestado ou “rolar” os juros.

Pois bem, tirem suas conclusões sobre a festa da dívida externa.