Sou sincero quando afirmo que não imaginaria que o Bear Sterns poderia estar na situação que está, de acordo com a matéria do New York Times de 15/03/2008. Uma das coisas mais difíceis do ponto de vista da gestão de negócios de um banco é a denominada “corrida bancária”.
Infelizmente, não se trata de uma prova em que haja um vencedor. Ao contrário, só há perdedores. Às vezes, até o contribuinte paga a conta.
A corrida bancária é o nome que se dá quando um número muito grande dos clientes credores resolve abandonar um banco ao mesmo tempo, resgatando os seus recursos.
Quando ela é generalizada (vários bancos ao mesmo tempo), causa sérios problemas ao sistema inteiro.
Sua pergunta pode ser: o que tem uma corrida bancária que ver com a quebra do banco? Não é só esperar que os clientes voltem?
Diferentemente da maioria dos negócios na área bancária, o sistema funciona alavancado. A relação entre o capital que tem e o dinheiro que empresta é da ordem de 9 (Brasil) a 11 (Maioria dos países) vezes. Isso quer dizer que ele empresta pouco dinheiro próprio. Se ele, o banco, tem R$ 1.000,00 de capital, toma emprestado mais R$ 9.000,00 e empresta os R$ 10.000,00 para os clientes tomadores.
Vamos imaginar agora que o pessoal (clientes credores) que emprestou os R$ 9.000,00 para o banco peça o dinheiro de volta. Como fica? O banco teria que pedir às pessoas a quem ele emprestou para devolverem o dinheiro também. O problema é que a coisa não funciona assim. A imensa maioria de que tomou emprestado não vai querer pagar antecipadamente os empréstimos.
Qual foi a solução para o Bear Sterns, então? O banco JP Morgan e o FED fizeram um empréstimo com vencimento em 28 dias para que o BS tenha tempo de: ser fechado ou vendido para alguém que tenha o capital necessário a pagar o empréstimo e manter os clientes do banco.