Tive a oportunidade de trabalhar uma vez com crédito. Fiz operações com todos os portes de empresas, mas as que me chamaram mais a atenção foram as micro e pequenas (visitei mais de cem delas nos mais diversos ramos).
Nesses negócios, o caixa de muitos deles se torna o bolso da família que dele vive. Como tal, padece de planejamento na maioria dos casos.
Vi muitas empresas que, se separadas das famílias, seriam verdadeiras máquinas de gerar retorno. Quero dizer com isso o seguinte: comparando a rentabilidade e o capital investido, poucas empresas grandes apresentariam números proporcionalmente tão bons.
Infelizmente, investir o dinheiro em coisas inconcebíveis para um capital de giro, faziam aquela maravilha de empreendimento desmoronar. O capital de giro é o dinheiro para o dia-a-dia da empresa. Utilizá-lo para comprar maquinário ou imóveis é um suicídio.
Voltando ao caso das famílias, filhos e cônjuges perdulários ou, às vezes até mimados, avançavam sobre o caixa como formigas no açúcar.
Mas todo esse preâmbulo é para falar que a situação das pequenas empresas nos Estados Unidos parece assemelhar-se ao nosso, que acabei de descrever. Pior, o crédito para estas empresas também está acabando e o resultado é que os empresários estão utilizando cada vez mais os cartões de crédito das firmas.
Até abril, segundo o NYT, 59% das pequenas empresas americanas utilizavam essa forma de financiamento. Muito superior ao saldo do final do ano que era de 44%. Este número era de 16% em 1993!
Querem mais? O segmento foi “esquecido” e ficou de fora das novas regras para cartões que entraram em vigor no mês de maio naquele país.
Conforme a matéria, as taxas estão subindo e a inadimplência também. Conforme a matéria, os empréstimos em atraso já contabilizam 12% (o nosso Cheque especial tem quase 10% de inadimplência). Para piorar o quadro, os limites estão sendo reduzidos.
Resumindo a missa: crédito e caixa das empresas têm que ser um assunto de prioridade zero quando se pretende fomentar o segmento das pequenas e micro. Infelizmente, não é o que vemos acontecer.