Este blog, embora de finanças pessoais e de investimentos, acaba por tocar em assuntos que digam respeito ao comportamento das pessoas. Eu, aliás, fiz um livro sobre dúvidas femininas na área de finanças pessoais, o que, de certo modo, me leva a tratar do assunto também com um olhar segmentado pelo gênero.
Divulgar o livro, o que resultou em uma série de entrevistas sobre os mais diversos “subtemas” associados ao planejamento financeiro e aos investimentos, me fez ampliar o contato com a realidade das mulheres e das angústias que as cercam quando o assunto é dinheiro.
Confesso que não me surpreendi com a reportagem da revista Época, cujo endereço reproduzo abaixo, e da qual recomendo a leitura: “Por que as mulheres são tão tristes?”
Um estudo americano de 37 anos ilumina um terrível paradoxo: objetivamente, a vida das mulheres jamais foi tão boa. Subjetivamente, nunca foi pior.
Revista Época
É um verdadeiro levantamento sobre uma ida sem volta, no meu entender. Embora a personagem, a redatora de televisão carioca Claudia Valli, clame uma “revisão do contrato assinado sem ler”, crio que a visão “mulher frágil e submissa” terá que ficar no varejo, uma vez que no atacado, a ponte foi derrubada após a passagem.
a insatisfação de Claudia com a própria vida é a mesma de milhões de outras mulheres mundo afora. Um estudo de Betsey Stevenson e Justin Wolfers, pesquisadores da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, mostra um surpreendente e acentuado declínio da satisfação feminina nas últimas três décadas – período durante o qual cresceram de forma exponencial as oportunidades de trabalho, as possibilidades de educação e, sobretudo, a liberdade da mulher de decidir sobre a própria existência, prática e afetiva. É possível afirmar, sem nenhum traço de dúvida, que as condições objetivas nunca foram tão favoráveis às mulheres desde o início da história humana. Entretanto, entrevistas anuais realizadas com 1.500 pessoas, homens e mulheres, desde 1972, nos Estados Unidos, mostram um cenário de crescente insatisfação subjetiva. A cada ano que passa, menos mulheres se dizem felizes com a própria vida, enquanto um porcentual cada vez maior de homens afirma estar contente. Isso acontece com mulheres casadas e solteiras, com e sem filhos, bem ou mal empregadas, brancas ou negras, pobres e ricas. A insatisfação atinge todos os grupos e se torna pior à medida que as mulheres envelhecem. Quando jovens, elas se dizem mais realizadas que os homens. Pouco depois dos 40, isso já se inverteu. “A tendência é clara, se manifesta em pesquisas realizadas no mundo inteiro, e vai na direção contrária à que nós poderíamos imaginar”, afirma Marcus Buckingham, especialista em pesquisas e autor de diversos livros sobre macrotendências sociais.
Revista Época
Não faço juízo de valor se a situação está melhor, pior, ou igual, mesmo porque é do que trata a reportagem, muito bem fundamentada cientificamente. Por esse motivo, quem quiser discutir mais o assunto, fique a vontade.