Mas, as mulheres estão mudando o comportamento com relação aos investimentos? Certamente. Uma pesquisa da BM&FBovespa, denominada “Mulheres em Ação” revela que quanto mais jovem e mais rica, mais ela investe. Por outro lado, mais da metade das mulheres da classe “C” realizam algum tipo de investimento. Mas, o que isso nos demonstra? Que as investidoras mais jovens estão lidando melhor com os investimentos assim como lidam com os computadores e outros aparelhos eletrônicos. A geração anterior não têm tanto interesse em aprender a utilizar a máquina, assim como não querem quebrar a cabeça com o mercado financeiro, coisa que as mais jovens estão dispostas a fazer. É reflexo também de uma mudança nas relações sociais.
Em razão desta mudança no comportamento, ainda se verifica uma preponderância da Poupança, conforme pesquisa realizada pelo instituto Quorum Brasil. No meio de campo se aglomeram a previdência privada, os imóveis e os fundos de investimento. As ações são ainda uma opção muito pouco utilizada, apesar do crescimento considerável no número de aplicadoras pessoas física do sexo feminino.
Sobre o mercado acionário, em 2002, eram 15 mil mulheres investidoras em ações, representando percentual de 17% das pessoas físicas. Em fevereiro de 2009, conforme dados da BM&FBovespa, elas já chegavam a 124 mil, num percentual de mais de 23%. Vemos que, comparativamente ao número de homens, as mulheres ainda representam pouco mais de um quinto dos investidores no mercado acionário, mas estão crescendo num ritmo bem forte. É de se esperar que toda esta evolução derive, em grande parte, do desempenho que o mercado acionário apresentou anteriormente à crise. Tal desempenho associado à mudança de comportamento feminino, que vimos comentando até aqui, nos leva a crer que a participação das mulheres tem muito espaço para crescer na bolsa de valores.
Do ponto de vista prático, todavia, a opção pela Poupança é uma estratégia interessante no momento, tendo em conta vantagens como a isenção de impostos e o fato de que o rendimento das outras opções conservadoras estão baixos. Associa-se a isso, as altas taxas de administração cobradas pelos bancos em outras modalidades de investimentos, como os fundos e planos de previdência, que podem “comer” até um terço do rendimento bruto destas aplicações.
Por outro lado, há um fato que nos mostra que muito ainda precisa ser feito no sentido de que as mulheres se tornem mais autônomas com relação à administração do dinheiro que excede suas despesas. A decisão pela aplicação em Poupança não resulta de uma avaliação analítica das opções disponíveis. Na escolha por este produto financeiro, a justificativa apresentada por elas para investir na mais tradicional forma de acumulação de recursos reside no fato ser bastante simples e, do ponto de vista delas, mais segura.