Quem é pautado pelas notícias do dia-a-dia em suas ações de investimento tem uma grande utilidade para o gelo nesse momento: colocá-lo sobre a cabeça.
Associar o mercado de ações ao ganho de curto prazo envolve habilidades pouco afetas à esmagadora maioria das pessoas, embora muitas delas insistam nessa busca.
Por outro lado, surge a pergunta: “será que o mercado sempre sobe no longo prazo?”. Eu respondo conforme os estudos apresentados pela London Business School, de que há ganho, porém ele não é tão grande assim e, pior, tenderá a diminuir com o passar do tempo.
“Que raios então farei eu no mercado de ações?” Boa pergunta! O que acontece é que os dados dizem respeito a mercados maduros e não emergentes. No nosso caso, ainda temos muitos ativos que apresentam rendimentos acima do normal. Vou dar o exemplo de um apartamento para ver se fica claro.
Suponha um imóvel no valor de R$ 300.000 e que esteja alugado por R$ 1.500. O retorno desse investimento está na faixa dos 0,5% ao mês. Olhando pelo lado do investidor local é uma “mixaria”. Pense agora no investidor que vive nos Estados Unidos e está colocando no bolso algo muito próximo a isso ao ano.
Vamos à reação. Ele pega o dinheirinho e compra o apartamento, nesse ato, por R$ 350.000. Note que o retorno ainda é melhor do que lá, mas caiu para 0,42% ao mês (suponha que haja uma série e outros apartamentos disponíveis e que não se possa alugar por um valor maior que os R$ 1.500).
Se o preço do imóvel continuar subindo, o “retorno” do ativo (imóvel) continuará caindo até que se estabilize em um novo patamar.
Veja que, mesmo quem recebeu os R$ 350.000, embora tenha tido um ganho de capital, não conseguirá remunerar seu dinheiro em percentual maior do que os 0,5% que recebia (supondo que o preço de todos os imóveis tenha subido).
Pois bem, esta é a dinâmica. O preço dos ativos (imóveis, ações, etc.) tende a ir subindo com o aumento da oferta de capital (dinheiro), consequentemente diminuindo o retorno.
Dessa forma, quem receber dinheiro só no futuro (seu salário em que entrará no ano que vem, por exemplo) não terá o mesmo retorno sobre o capital que quem tem ativos ou capital na data de hoje.
Assim, dá para entender por que se espera que haja um crescimento no longo prazo para os investidores em ativos no Brasil, inclusive ações, com a expectativa adicional que tais retornos decrescerão com o tempo.
Dessa forma, uma boa bolsa de gelo na cabeça pode ser o remédio para passar pela crise que estamos vivendo.
Olá Beto boa tarde, muito bom o seu blog e seus ebooks.
Lendo esse seu post antes de você elaborar a pergunta “Que raios então farei eu no mercado de ações?”, ela surgiu na minha cabeça.
Muito se fala em atrair o pequeno investido para o mercado de ações, mas será que esse pequeno investidor iniciante e com pouco tempo de acompanhar, diariamente, o mercado e suas cotações tem chance (possibilidade) de obter uma rentabilidade maior que o retorno (descontado a TxAD) de um fundo baseado em ações? Quais variáveis deve-se considerar na hora de optar entre aplicar na bolsa ou em um fundo de ações como o PIBB?
Um forte abraço!
Mesmo que os rendimentos caiam, os ganhos de capital poderão ser maiores, e assim, gerarão ganhos para seu dono. Quando isso se esgotar, o aplicador poderá mudar o tipo de ativo em que está aplicando.
O que você acha Beto?
@Ailton
A iShares Brasil também tem algumas opções interessantes de ETF’s. Algumas delas são administradas pelo conhecido banco Barclays.
Olá, Ailton,
Muito obrigado!
Esta é a minha tese. É muito difícil bater o índice, a menos que você se dedique muito ao estudo do mercado, e ainda assim, veja a lambança que ocorreu no cenário mundial.
A minha preferência pelo PIBB é única e exclusivamente pelo fato de a taxa de administração ser muito baixa. Gosto bastante dele.
Mas, como o Vinícius sugeriu, o BOVA11 é uma opção.
Abraço do Beto
Poxa Beto,
Desde que comecei a ler e “estudar” sobre ações, nunca levei em consideração esse “outro lado” do aspecto a longo prazo (que sempre foi meu único objetivo, já que não me interesso em correr atrás de ganhos a curto prazo).
Foi uma advertência que eu jamais esperava ouvir…