Como eu acho que a maioria das pessoas já ouviu falar, não existe risco zero no sistema financeiro. Com o Tesouro Direto também não há exceção.
Além dos riscos de mercado e de liquidez, que podem existir neste tipo de investimento, o risco de crédito também existe. Vamos ver esta pergunta do Marcos Baroni:
Oi Beto,
neste caso então Beto, fico um pouco preocupado, pois vários analistas dizem que o risco de aplicar no Tesouro Direto é ZERO. E pelo jeito então, não é bem assim. Afinal de contas, a Grécia é uma país da zona do Euro e acredito ser mais desenvolvido do que o Brasil, ou seja, nós estamos bem hoje mas as coisas podem mudar até porque compramos títulos com vencimentos em 20 anos ou mais. E se mudar, será que teremos ajuda? Você vê desta forma ou o Brasil é muito mais seguro do que a Europa mesmo no longo prazo? Você se lembra em algum momento da história se o Brasil deixou de honrar estes títulos aos investidores pessoa física / institucionais? Enfim, sei que seu tempo é muito curto, mas se possível me responda estas perguntas, POR FAVOR.
Bom, voltando ao tema, o risco não é zero, embora seja bem reduzido se comparado às outras opções dentro do País.
Como o Marcos bem lembrou, as coisas estão bem mas podem mudar. E como podem mudar? Com falta de compromisso fiscal, isto é, gastando mais do que se arrecada, financiando o déficit internacional com a venda de ativos (investimentos), enfim, práticas pouco salutares no que se refere às finanças públicas. Aliás, foi isso que levou a Grécia e outros países da zona do euro para o beleléu, forçando-os a pedir ajuda inclusive ao nosso velho conhecido FMI.
Quanto a calotes nos títulos, na época do plano Collor houve uma renegociação unilateral da dívida, com o alongamento dos prazos. Contudo, já foram pagos. Normalmente, o calote é dado em investidores internacionais, que exercem menos pressão política. Aqui no Brasil, o sistema financeiro inteiro depende desses papéis e, se der bronca, a confusão será generalizada. Por isso, sempre que a bagunça nos gastos públicos começa a se instalar, o mercado entra em cena para fechar a caixinha de bondade com o dinheiro alheio, que governantes tendem (não sei por que) lançar mão.
Resumindo, não há risco zero, mas ele é tanto mais baixo quanto maior for a supervisão dos seus detentores com relação aos gastos do governo de plantão.