O Tesouro IPCA, ou Tesouro IPCA+, é um título instigante! Cheio de detalhes que são um verdadeiro curso sobre investimentos, que ninguém que deseje ter sucesso nessa empreitada pode abrir mão de aprender como ele funciona.
Para começar, vamos dar um exemplo do que aconteceu no ano de 2013 com um “exemplar” desse papel, que tinha vencimento para 2024:
A taxa de juros em janeiro de 2013 para um Tesouro IPCA com vencimento em 15 de agosto de 2024 era 3,75% acima do IPCA. Para essa taxa e o tempo remanescente do título, o valor de mercado, isto é, o preço que você teria que pagar pelo papel naquela data era de R$ 1.455,37.
No final daquele ano, dia 31 de dezembro, a taxa de juros havia subido para 6,51% mais o IPCA, o que fez com que o título passasse a ser negociado a R$ 1.207,49.
Se você tivesse que vender o título naquele momento, perderia 17,03% do valor que aplicou inicialmente.
Do mesmo jeito que isso ocorreu para reduzir o valor da aplicação e, até mesmo, dar um prejuízo, pode funcionar no sentido contrário, gerando ganhos extraordinários.
Mas a ideia desse nosso papo não é falar de especulação, mas de discutir que há situações, mesmo que você esteja programando a sua aposentadoria, que não faz sentido adquirir esse papel.
O Tesouro IPCA, um dos títulos negociados no Tesouro Direto, é o nome de fantasia da NTN-B, isto é, nota do Tesouro Nacional Série B. A letra B indica a indexação do papel pela taxa da inflação medida pelo IPCA.
Existem várias séries de NTN, dentre elas uma indexada ao IGPM, que é a série C, outra indexada ao Dólar, que é a série D. Esses dois papéis não estão à venda no Tesouro Direto.
Ah, e para você que não sabe o que é indexador, sugiro que você faça o meu Curso Básico de Investimentos grátis.
A Nota do Tesouro Nacional – série B (NTN-B), então, é um título com a rentabilidade vinculada à variação do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), acrescida de juros definidos no momento da compra (+).
Ele é o que chamo de pré-pós.
Ela então tem dois parâmetros de remuneração. IPCA, depois juros fixos.
E na prática? Na prática é assim:
Suponha que a remuneração dos títulos seja IPCA + 4,68%
Suponha também que o título vence em um ano desta data de aplicação. Exatamente um ano após a aplicação.
Agora vamos para o futuro. Faz de conta que estamos um ano depois da data de aplicação do dinheiro.
Vamos dizer que você aplicou 100 reais. Aí, o primeiro passo é corrigir o seu dinheiro pela inflação. Se a inflação foi de 5%, lembre-se, medida pelo IPCA, os 100 reais se transformaram em 105 reais. Aí você aplica os juros fixos de 4,68%.
E o valor ficou em 109,91 reais, arredondando aí na casa dos centavos.
Veja que a fórmula de calcular é feita com juros sobre juros, isto é, são juros compostos.
Outro detalhe, esta taxa de juros fixa é ao ano, de modo que a cada período de 12 meses ela também vai acumulando ano sobre ano.
Este título é muito interessante pela possibilidade de garantir uma taxa de remuneração superior à inflação, sem correr o risco de contratar uma taxa fixa e esta ficar menor do que a inflação.
A taxa fixa, em geral, é estipulada com uma previsão de quanto será a inflação no futuro, acrescida do risco pelo qual a economia em geral e o devedor, em particular, estão apresentando.
Assim, quando você tira a inflação (lembre-se de que é IPCA + taxa fixa), sobra menos espaço para a variação, uma vez que ficou a cargo apenas na economia e do tomador.
Mas, infelizmente, isso acontece. E é isso que traz um elemento de consideração para quem quer aplicar no Tesouro IPCA. E às vezes é interpretado de modo equivocado.
Vamos entender o caminho deste título.
Como já existe um valor determinado para chegar no final (é claro que não se sabe exatamente, porque se desconhece a variação da inflação.
Se os juros da economia subirem, o valor do título diminui.
Veja esse vídeo que publiquei aqui e que faz parte do meu curso Tesouro Direto Sem Medo:
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