Vamos aproveitar esta confusão para tratar do que é o risco moral (ou moral hazard). Um exemplo corriqueiro de risco moral é o caso do seguro de automóveis. Quando o cliente faz um seguro para proteger seu carro, há a possibilidade de que ele se descuide do veículo, uma vez que, se algo acontecer, a conta é da seguradora (risco moral). Esta última passa a depender da “moral” do contratante, deixando de ser uma coisa “matemática”. A medida para reduzir este risco que a seguradora passa a correr é a franquia. Com ela, o possível desleixado irá pensar duas vezes antes de sair dirigindo loucamente por aí.
No que se refere ao banco, vou citar duas situações distintas: a dos administradores e a dos clientes. No que se refere aos administradores, podemos pensar na atuação do FED dando dinheiro e reduzindo as taxas de juros para evitar que os bancos quebrem. Essa atitude não favorece uma atitude de cuidado com os ativos do banco, porque, de uma forma generalizada, os administradores entendem que se der zebra, o FED segura a onda.
Por parte dos clientes, o seguro de depósitos, que no Brasil é conhecido como Fundo Garantidor de Créditos (FGC), por um lado ajuda a concorrência porque, em tese, tanto faz eu depositar até os R$ 60.000,00 (nos EUA são US$ 100.000) no maior ou no menor banco brasileiro que o dinheiro estará garantido por todo o sistema (Conta corrente, CDB, Poupança, alguns outros títulos). Perceba que os fundos de investimento não têm garantia do FGC.
Qual o risco moral? No caso dos clientes, como os depósitos até este valor estão garantidos, eles não se preocupam em avaliar a segurança do banco, o que favorece aqueles mais arriscados a continuarem agindo no sentido de buscar mais risco (aumentando sua chance de quebrar).
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