Aproveitando algumas matérias* publicadas sobre o assunto, queria fazer um breve comentário sobre o OPI (IPO) da Visanet.
Primeiramente, chamo a atenção dos leitores para o artigo publicado pelo Valor Econômico, escrito por Cristiano Romero, repórter especial daquele periódico, em 20/05/2009.
O jornalista chama a atenção para as medidas que o governo que, “depois de fazer um amplo diagnóstico do setor e de compará-lo com a experiência internacional, “ concluiu “que o mercado brasileiro de cartões é extremamente concentrado”.
O amplo diagnóstico a que se refere Romero, está em detalhes neste relatório assinado por três órgãos do governo: Banco Central do Brasil (BCB), Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça (SDE), e Secretaria de Acompanhamento Econômico (SEAE) do Ministério da Fazenda. Estas duas últimas diretamente relacionadas com questões de defesa da concorrência.
A matéria cita ainda um “assessor graduado” que teria dito o seguinte: “Os bancos donos da Visanet e da Redecard entenderam que vão ter uma perda, que têm que abrir, que é preciso ter competição, que o país está mudando o status quo. Evidentemente, eles querem fazer as coisas numa outra velocidade”.
Bom, e aí eu pergunto: se o negócio é muito bom, o que me levaria a vendê-lo? Falta de dinheiro eu acho que não é.
Como ressalta a matéria há algo que denomina-se “risco regulatório” e me parece que é o que está mais premente nesse setor. O risco regulatório é aquele que a empresa corre em razão de atuação do governo, alterando as regras de funcionamento do mercado em que atuam.
Talvez a principal mudança que pode ocorrer na operação é a questão da interoperabilidade. Isso quer dizer o seguinte: quando vemos uma máquina para cada cartão em uma loja, ou quando pedimos “por favor, traga a máquina da empresa X” em um restaurante, estamos vendo que não há interoperabilidade. Resumindo: é necessária uma máquina para cada empresa de pagamentos, o que é entendido como barreira à entrada no segmento em que atuam a Visanet e a Redecard. A barreira permite, no momento, que etas duas empresas tenham lucros acima dos verificados em outros mercados no mundo.
A idéia, portanto, é fazer com que essas empresas sejam “obrigadas” a adotar a interoperabilidade e permitir que qualquer prestador de serviços possa atuar nesse segmento.
O relatório, nas páginas que se seguem à 114, faz uma análise do lucro do setor e, além disso, ainda projeta o que pode acontecer se a interoperabilidade for implementada.
Por esse motivo, ainda que possa parecer um pouco tarde, sugiro, pelo menos a leitura dessas páginas do relatório para aqueles que pretendem se aventurar no lucrativo mercado de credenciadoras de estabelecimentos para a aceitação de cartões de pagamentos.
*Dinheirama e Investidor Jovem. O Bruno do Investidor Jovem indica ainda um informativo da INI.
Fala Beto,
Também sempre tenho isto em mente: “se é tão bom, para que vender?”
Do ponto de vista do vendedor, acho que o melhor momento para vender é quando o negócio está bom.
E neste caso, “está bom” porque ainda não sofreu consequências da regulação mais rígida por parte do governo.
Obrigado pela citação,
Abraços
Olá, Bruno,
Desculpe a demora em responder, mas a coisa está feia em termos de trabalho.
Antes de mais nada, a citação era natural, porque você foi o primeiro que vi a comentar este assunto. Por sinal, o fez muito bem.
Agradeço seu comentário aqui.
Abraço do Beto