É difícil ver na publicidade uma intenção que não a comercial. Eu já trabalhei com este maravilhoso mundo da imaginação e, registro, achava fantástico, em que pese a observação inicial.
A Marcela Mourão, que já colaborou com este blog, é publicitária e está procurando o lado bom da sua área de atuação, com seu blog Propagando.
Fiz uma entrevista com ela abordando, inclusive, os aspectos profissionais desse mercado tão fascinante. Vamos a ela:
BV – É fácil conseguir emprego como publicitária? Que tipo de dificuldades enfrenta o profissional que busca esta carreira na hora de procurar trabalho?
Não é fácil. Mas também hoje em dia acho que não é simples em nenhuma área, né? Em publicidade o que ocorre é que, de uns tempos pra cá, o curso virou um dos mais disputados do país, surgiram muitas faculdades novas e não sei se o mercado comporta essa gente toda. Mas ainda acredito que sempre há espaço para o profissional competente.
BV – Quais as tarefas mais e menos interessantes que se faz no mercado publicitário, sob o seu ponto de vista?
O mais interessante é poder deixar a imaginação voar em busca de soluções inteligentes para os problemas dos clientes e ver que o seu trabalho está ajudando a transformar produtos em marcas. O menos interessante é quando precisamos lidar com algum cliente inseguro. Já viu coisa mais difícil do que achar agradar quem não sabe o que quer? Esse é um desafio que faz parte da nossa rotina.
BV – Você, que é mais idealista no mundo do publicidade, acredita ser possível realizar trabalhos que sejam realmente benéficos ao consumidor?
Eu acredito que é possível sim, senão já teria mudado de profissão. Tem muita gente que gosta de fazer discurso sobre o quanto a publicidade é maléfica por estimular o consumo e criar necessidades e esquece de ver também o quanto ela pode ser importante para movimentar a economia ou até mesmo para mudar um hábito ruim como no caso das propagandas que mostro no meu blog Propagando.
BV – Você acredita que as empresas que aderem à idéia de defender a ecologia estão pensando nisso mesmo ou é apenas para criar uma empatia com o consumidor?
Olha, já pensei muito sobre isso. Acho que tem de tudo. Algumas empresas fazem realmente por ideologia e você sente quando é uma filosofia, quando faz parte do DNA da empresa. Agora, claro, existem as que fazem só porque sabem que o consumidor de hoje está mais atento e consciente do problema e prefere comprar produtos que não agridam (ou agridam menos) o meio ambiente. Essa foi uma questão que já me incomodou no passado, mas hoje não mais. Porque, independente dos motivos que levam as empresas a terem atitudes positivas, o importante mesmo é que elas existam. É muito bom poder ver o discurso refletido em ações e saber que assim a natureza sairá ganhando e, consequentemente, a gente também.
BV – Como você se avalia com relação às finanças pessoais? Você poupa mais do que gasta ou o contrário?
Eu busco um equilíbrio. Acho extremamente importante ter uma reserva, poupar para poder realizar um sonho ou ter um futuro confortável, mas também não abro mão de viver o presente e de cometer algumas pequenas “loucuras” de vez em quando como ir a um restaurante mais bacaninha ou fazer uma viagem que não estava prevista. Agora, claro que só faço isso se estou com as contas todas em dia porque não consigo dormir tranquilamente se tenho alguma dívida.
BV – Você acredita que há alguma relação entre finanças pessoais e o desempenho profissional?
Acredito que sim, exatamente pelo que mencionei na pergunta anterior. A pessoa normalmente se sente mal quando está endividada ou com problemas financeiros e isso acaba refletindo em toda a vida dela, inclusive na profissional. E muitas vezes estes problemas não nascem na falta de dinheiro, mas sim na desorganização. Muita gente tem dificuldade de administrar o orçamento. Por isso, blogs como este são tão importantes.
BV – de onde veio a idéia de criar o blog e o que podemos esperar dele que não há em outros por aí?
Surgiu de uma conversa com a minha irmã Lina. Porque eu estou sempre fuçando sites e blogs pra ver o que está acontecendo no mercado publicitário, faço isso por obrigação e por amor. Então costumava mandar algumas coisas pra ela por e-mail, principalmente esse tipo de propaganda com alguma preocupação social ou ecológica, e daí nessa conversa ela me deu a idéia do Propagando e eu comprei na hora. Agora ele é um blog sem grandes pretensões. O objetivo é apenas mostrar às pessoas o quanto a propaganda pode ajudar em um processo de conscientização, mudança de hábitos e educação. Mostrar um lado da propaganda que às vezes é esquecido. A publicidade acaba ficando mais em evidência do que a propaganda. É isso.