Para quem visita o blog há algum tempo sabe o quanto eu desacredito na regulação (isto é, na falta dela) dos mercados. Você deve estar pensando: e daí? Eu quero é saber como investir, ou como administrar o meu dinheiro, não tenho nada a ver com regulação, vamos para a prática. O problema é que, na realidade, a regulação (ou falta dela) pode causar um grande estrago no seu investimento e no seu planejamento financeiro.
Por este motivo, queria chamar a sua atenção para o assunto, de modo que você também possa demandar um mundo regulatório melhor.
Quando falo que desacredito na regulação, quero dizer que a que se encontra implementada, no País e no mundo, não atende, com segurança, aos fins a que se destina. De fato, ela foi montada para servir aos regulados, isto é, aos setores da economia sobre os quais se pretende estabelecer regras e limites. Este é até um resultado natural, principalmente quando nós, os usuários, deixamos que as agências atuem sem que acompanhemos os seus movimentos. Os regulados, ao contrário, fazem plantão nas agências. Cuidam delas com carinho e dedicação.
Falar que a falta de regulação levou à crise é, ao mesmo tempo uma repetição enfadonha e um ponto a ser discutido. Este último aspecto refere-se à pura constatação de que há um arsenal de agências para todos os tipos e gostos nos Estados Unidos e aqui. Há reguladores para o sistema financeiro bancário, para o segurador, para o de títulos e valores mobiliários (ações e fundos, por exemplo), pode escolher. Logo, não foi a falta de reguladores quem levou à crise, mas a inação dessas agências.
O que faltou, por óbvio, foi alguma que fosse livre para implementar o que deveria ser implementado. Ontem no NYT (o Valor repercutiu também) saiu a discussão sobre um projeto no Senado dos Estados Unidos dizendo que lá se planeja implementar um limite ao tamanho dos bancos. Trata-se de uma “novidade”, uma vez que foi feito depois da crise de 1929, e desfeito com o passar do tempo justamente pelos “reguladores”. Aqui no Brasil, então, até incentivo foi dado e parece ser uma meta do governo chegar ao “Anbank” com a junção dos dois maiores bancos privados brasileiros. Concentra-se tanto que a coisa tende a caminhar para isso. Aliás, já deve haver até discurso pronto: “Para que o sistema bancário brasileiro possa competir no ambiente dos grandes conglomerados globais, e blá, blá, blá”.
Para quem chegou até aqui, volto a deixar claro o que penso da regulação: se ela fosse para ser o que deveria, seria ótimo. Eu queria regulação de fato! Para ela ser como está hoje, sei não.