Continuando a postagem anterior, vou falar sobre uma de forma simplificada que é a seguinte: suponha que o banco tome emprestado de um cliente com a emissão de um CDB. Com esse dinheiro, o banco empresta para um outro cliente, que promete pagar o principal mais os juros. A diferença entre os juros pagos pelo último cliente e aqueles que o banco terá que pagar ao primeiro (que emprestou ao banco por meio do CDB) , será o resultado bruto do banco (falta tirar o custo para fazer essas operações e os impostos).
Se o cliente que tomou o empréstimo ao banco não pagar, o banco tem que “honrar” o seu CDB emitido para o primeiro cliente. Para fazer isso, os reguladores (Bancos Centrais) exigem que o banco mantenha um capital próprio mínimo, isto é, que os acionistas do banco (aqueles que correm o risco de ser banqueiros e que, em caso de sucesso, se beneficiam com os resultados) mantenham uma quantidade mínima de recursos.
De uma forma simplificada, esse capital pode ser tanto o dinheiro que eles colocaram no começo, como também o lucro que o banco deu nos últimos anos e que não foi distribuído aos acionistas.
Dessa forma, para emprestar ao último cliente, o banco precisaria de um capital mínimo de 10 reais para cada 100 reais de empréstimo, por exemplo.
Vamos agora ao caso da situação real. Até pouco tempo, os bancos tinham um volume muito alto de empréstimos e um capital muito elevado em função dos lucros que vinham tendo no mercado em forte crescimento.
Com a crise imobiliária e a nova avaliação dos ativos (investimentos que os bancos haviam feito), foi verificado que muitos deles tinham perdido valor, o que significa, em termos práticos, a realização de um prejuízo. Este prejuízo reduz o capital do banco, porque ele “come” os lucros não distribuídos. Ora, mas se para emprestar 100 reais o banco deveria ter 10 reais de capital e agora, em função dos prejuízos, ele só tem 8 reais de capital, o máximo de empréstimos que pode realizar é de 80 reais.
Isto significa, portanto, que o banco terá que reduzir a oferta de crédito para ajustar-se à nova condição do seu capital.