Antes que pensem que estou tratando do comportamento do setor bancário, diretamente, aviso que o faço pelo lado da ação de quem a população (eu não!) espera que vá combatê-lo: o governo.
Não se trata aqui de ficar fazendo o Banco Central ou os outros órgãos econômicos do governo de judas, que eles não são. Mesmo porque, por exemplo, o Banco Central é um órgão repleto de funcionários aprovados em concursos públicos, totalmente conduzido por uma meia dúzia de diretores apontados ou, no mínimo, autorizados (lembrem-se que quem cala consente) pelo sistema financeiro.
A propósito deste comentário, não é que eu ache isso errado, não! Se fosse dono de padaria e tivesse possibilidade, gostaria de ter a chance de indicar o diretor da vigilância sanitária! Imagine se fosse banqueiro e tivesse meu patrimônio exposto a uma série de regras que poderiam colocá-lo em risco! Farinha pouca, meu pirão primeiro…Se for muita, também.
O que eu quero com estas toscas palavras é chamar a atenção, pelo menos dos que visitam este espaço, para terem consciência do que devem esperar da atuação destes e dos demais órgãos supostamente voltados a regular o mercado.
Nunca pela intenção dos seus funcionários, que, salvo uma centena de exceções (no caso do BC são mais de quatro mil), fazem das tripas coração para incorporar o interesse público às tarefas do dia-a-dia. Na política, entretanto, nada muito disponível a fazer.
Voltando ao caso do spread bancário, há mais de 9 anos o BC “estuda” o caso, tendo produzido uma série de artigos quase acadêmicos e outros acadêmicos sobre o assunto. A propósito, eu mesmo escrevi sobre o tema em minha tese. Minha conclusão é a de que os consumidores tomam crédito ainda que o preço seja alto (tem mais comentários, mas esta postagem ficaria muito longa). Porém, ao ver a discussão no mundo da teoria indo para o campo da falta de aplicação prática (um grande debate de egos inflados), resolvi partir, no que tange a contribuir para uma melhora das relações entre empresas e clientes no sistema financeiro, para este blog, no qual me sinto mais útil à sociedade (ainda que mantenha minha preocupação com a academia).
A minha certeza sobre a ação do governo é: se não vamos resolver, fiquemos escrevendo sobre a matéria e finjamos que o tema está sendo tratado.
De qualquer sorte, tal foi minha surpresa, ao notar que o assunto estava voltando à pauta dos jornais. O problema é que esta semana, no jornal Valor, apareceu o “bode”.
A idéia, conforme deixa transparecer o jornal, é chamar a atenção para o spread, principalmente aquele cobrado pelos bancos públicos, e deixar a política monetária (controle das inflação por meio de aumentos ou diminuições nas taxas de juros).
Isso quer dizer o seguinte: depois da “barbeiragem” de subir as taxas de juros no meio de uma recessão mundial, para que o malfeito não chame tanto a atenção, vamos mudar o rumo da prosa.
Realmente, foi pura ilusão deste que vos escreve, acreditar que o tema era realmente de interesse do governo. Cheguei até mesmo a fazer uma postagem sobre o motivo da subida, que continua válida na minha opinião.
Quanto à crença na intenção do governo, foi mal.
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