Embora pareça, não fiquei maluco (por enquanto). Eu sei que estamos próximos do Natal e que a Páscoa ou já passou, ou ainda falta um tempo para chegar. Todavia, como pretendo colocar uma imagem na mensagem natalina, deixei o Papai Noel para depois, e lancei mão do simpático coelho e seu ovo azul para falar de uma coisa que só quem acredita no pascal e no Noel pode igualmente crer: 10 (dez) vezes sem juros.
A primeira pergunta que faço é: você aceitaria receber seu salário em 10 vezes sem juros?! Então não pense que há alguém maluco por aí. Principalmente, se este louco for dono de uma grande rede de lojas de eletrodomésticos ou de confecções.
Sei que a razão me diz: isso não existe, pule esta postagem e vamos falar de outra coisa. Não dá! Sabe por que? Pelo simples fato de um monte de gente acreditar nessa maluquice. Tem mais. Essas grandes redes divulgam o absurdo até na televisão. Tem uma que fala em 17 vezes sem juros.
Estou muito feliz em saber que os Procons de alguns estados estão multando estas lojas pela prática. Afinal, trata-se de pura enganação. Em vez de dizer que está cobrando juros, aumenta o preço do produto e força o cliente a comprar financiado. Força a venda do crédito. Artificialmente, dá a sensação ao cliente de que aquela compra pode ser feita com maior tranquilidade, uma vez que as parcelas são mais “suaves” para pagar.
Pode até ser que, para quem está pendurado e precise realmente do bem, esta prática generalizada possa trazer um efeito menos maléfico para as contas, uma vez que as taxas de juros embutidas tendem a ser menores que as existentes em outras formas de financiamento, mas, pela experiência em realizar cálculos financeiros da população em geral, fica muito difícil saber o quanto.
Eu mesmo estive envolvido em uma operação de “descoberta” dos juros embutidos na falácia das 10 vezes sem juros. Vamos aos fatos: saí para adquirir um fogão que, nas duas lojas recém fundidas (se o sujeito do verbo fosse o consumidor, caberia um trocadilho chulo) o preço estava R$ 400,00 em dez suaves parcelas de R$ 40,00. Pedi desconto, implorei, fiz reza forte, e nada. Irredutíveis estavam os vendedores, com aquele discurso pronto: “Olha, o preço já está em promoção, o ‘sistema’ não me autoriza a tirar mais nada.”
Como era um fogão, resolvi partir para outra loja, que dizia vender os produtos com até 10% menos que o preço da concorrência (olha a deixa). Cheguei para o vendedor e perguntei se a placa era verdadeira, o que verifiquei no mesmo momento. Ele não só deu os 10% como ainda me veio com “dá para dividir em 3 vezes sem juros” (o cara tinha que dar uma mentidazinha no final, não é?).
Para não cansar você, leitor, queria apenas dizer que, em algumas situações, principalmente em lojas de roupas de grife, ou de departamentos, não lhe será dada esta opção, uma vez que o produto calça, por exemplo, que você pode imaginar ser vendido exclusivamente ali, carrega um símbolo, denominado “marca”, que transforma a secular vestimenta em algo único e mágico. Não fosse isso, certamente, na porta ao lado, você encontraria o mesmo produto disponível para a venda, sem a necessidade de comprar, de forma casada, uma linha de crédito de três meses ou mais.
Com isso, fica o meu desejo de que você faça ótimas compras de Natal, sem acreditar no coelho da Páscoa.
falou… falou… falou… e não disse nada!
Ótimo assunto.. mas o texto acabou na introdução..
Olá, Paulo,
Desculpe se não me fiz entender, mas o objetivo é dizer o seguinte: não acredite em 10 vezes sem juros. Procure uma loja que venda mais barato a vista, se você não está precisando de crédito.
Em linha geral é isso.
Infelizmente, o resultado das ações que tendem a acabar com esta desinformação aos consumidores ainda não está dado. Torço para que acabe e que passemos a 1 – comprar o produto e o crédito ficar para quando precisarmos.
Abraço do Beto
É Beto. Sonho com o dia em que nós consumidores seremos tratados com respeito. Raramente se vê uma operação parcelada completamente esclarecida. Como fazem com o financiamento de veículos, que informam uma taxa de juros “X” só que na realidade é “X + Impostos (IOF) + Riscos e etc…”
Há parabéns pelo novo template. Só faltou o Escorpião no Bolso na relação de Blog de Finanças Pessoais…
É brincadeirinha. Abraço.
Olá, Aécio,
Meu irmão, quem não chora, não mama. Está lá o seu link!
Abração do Beto
Obrigado Beto. É uma honra figurar na seu Blog.
Abraço,
Olá, Aécio,
Honra é ter você como colaborador. Quando você vai nos dar a graça de mandar um artigo?
Abração do Beto
Beto, parabéns pelo blog e pelo artigo!
Esse negócio de comprar a prazo está ficando cada vez mais fácil, por conta dessa explosão de crédito nos últimos anos. Uma pena que a maioria de nossa população não tenha acesso à educação financeira e a blogs como esse. Mas não podemos desanimar! Posts como esse são sempre uma ótima lembrança daquilo que devemos fazer: disseminar a cultura da educação financeira. 😀
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus lhes abençoe!
Betão alfinetando geral! Eitaa. Por isso acompanho esse blog e comento.
Meu amigo, assim você vai precisar mesmo colocar essa moderação (risos) nos comentários mesmo, pq sempre aparecerão os exaltados!
Ae, lendo seu belo artigo, lembrei de uma situação que aconteceu comigo, relacionado a falácia de tantas x sem juros (grande mentira praticada no comércio!)
Numa agência de viagens (uma das principais no Brasil) comprei um pacote promocional para Miami. Fiquei satisfeito com o preço do pacote e adquiri. Foi-me oferecido em tantas x vezes sem juros, aí implorei o descontinho à vista. O vendedor e a supervisora se esquivaram, e colocaram a culpa na financeira.
Por incrível que pareca, agora vem a dita bomba: fui recomendado pela agência de viagens a comprar o pacote parcelado e depois negociar com a financeira a quitação da dívida, mediante desconto… Pode?
Eu paguei a vista é claro, pois o que menos quero é ter que me envolver com bancos e financeiras…Mas pra quem ta disposto a se incomodar, esse artigo realmente dá uma LUZ e bons esclarecimentos.
Abraços!!
Olá, Diego,
O negócio no Brasil é vender crédito. Precisamos educar os consumidores.
Abração do Beto
Ressucitando o tópico…
O problema é que não há quem defenda (de verdade) o consumidor. A farra do crédito tá comendo solta, o consumidor é o maior prejudicado e… tudo bem!
Já tentou comprar um carro à vista, numa concessionária? Se disser que é à vista, o vendedor até te vira as costas… Claro, ele ganha mais da financeira para te vender o crédito, do que da loja, para te vender o carro! Daí ele prefere vender o mesmo carro, a crédito, para outro (já que tá assim de gente querendo comprar em suaves prestações).
E apartamento? Pior ainda! A construtora nem tira mais dinheiro do bolso! Levanta o prédio com dinheiro da financeira, e você só pode comprar da financeira… E aceitar os termos dela (30 anos, mesmo valor que a vista).
Quer desconto para pagar à vista? Compre usado. Pessoa física, quando vende, é porque precisa de dinheiro vivo. Você tem? Faça uma oferta.
Até o dia que as financeiras começarem a se meter também nas transações PF x PF. Quando esse dia chegar (e ele VAI chegar, sabemos), não sei o que será dos nossos bolsos.
Olá, Léo,
Muito bem! Concordo plenamente.
Abraço do Beto
Pois é Beto, para os consumidores que pretendem comprar à vista, também há penalização e ainda leva fama de ser burro!
Absurdo, você chegar em uma loja e comprar à vista um produto pelo mesmo preço de 10 vezes sem juros.
Então deduz-se que quem compra à vista leva prejuízo (ou fama de não raciocinar).
Uma coisa que não entendo, como fica o FLUXO DE CAIXA das lojas que vendem em 10 vezes sem juros?
Abraços.
Bom Dia,
Recentemente fui comprar um celular, solicitei ao vendedor que parcelasse em apenas 3 vezes,porém ele disse que em 3 vezes teria juros e que em 10 vezes não. Sei que não existe parcelamento sem juros, mas a lógica de que em 3 tem juros e 10 não tem acréscimos não consigo entender.
Gostaria muito de um esclarecimento, pois não é a primeira vez que isso acontece.