Recebi uma pergunta acerca de páginas na internet que possibilitam a realização de investimentos diretos em operações de crédito e vou fazer um breve comentário sobre o tema.
De um modo geral, se os bancos ganham um bom dinheiro com crédito é porque investir em crédito é bom, certo? Nem sempre. O primeiro grande diferencial que um banco tem quando investe em crédito é que o dinheiro investido, em grande parte, não é do banco, e sim de terceiros. Isso aumenta a rentabilidade geral porque ele utiliza a sua estrutura para a chamada alavancagem.
O banco toma dinheiro emprestado e empresta. Às vezes o dinheiro tem um baixo custo (como os depósitos à vista e os de Poupança) e, adicionalmente, há algumas poucas tarifas que podem ser cobradas, aumentando a margem final.
Além disso, o banco tem a liberdade de aplicar, dentro de certos limites, é claro, uma taxa de juros livremente acertada entre ele e o tomador do empréstimo, o que, igualmente, possibilita melhor remuneração do dinheiro.
Por fim, o banco utiliza (ou, pelo menos, devia utilizar) a técnica de diversificação, isto é, ele pulveriza os empréstimos, investe em diferentes setores econômicos e em pessoas naturais e jurídicas, além de uma experiência e equipe técnica voltada exclusivamente para o acompanhamento desaa atividade.
Para o investidor individual, a utilização da opção de emprestar o próprio dinheiro a terceiros deve ser revestida de vários cuidados, dentre eles a questão da pulverização. Por outro lado, como o custo de oportunidade deste investidor é o DI (na maioria das vezes), a diferença de taxa de juros das operações pode não compensar.
Se a operação for feita diretamente, os juros máximos (Lei de Usura) a serem cobrados do devedor são de 12% ao ano sem a possibilidade de capitalizar mensalmente, isto é, o resultado dos juros compostos (o que são juros compostos: definições e conceitos) não pode ser superior a 12% ao ano. A diferença disso para o DI é de, mais ou menos, 1,25% ao ano, ou de R$ 102,50 ao ano para cada R$ 10.000,00 emprestados. Isto significa que, se um dos seus devedores que esteja utilizando um crédito seu de R$ 200,00 não pagar, você perdeu seu tempo e o seu dinheiro.
Há sites que oferecem a possibilidade de empréstimo a terceiros (que você não conhece) e possibilitam o recebimento de taxas maiores de rentabilidade ao mês, mas que, no que pude ver superficialmente, não são tão maiores do que os juros legais (suponha que você recebesse o dobro, ou o triplo da taxa, e compare com o “calote”). Parece uma iniciativa interessante, mas ainda embute, no meu ponto de vista, uma boa dose de risco para quem tem pouco dinheiro para investir.
A ideia geral é bastante interessante, principalmente por possibilitar aos devedores que obtenham encargos menores nas suas dívidas. Mais ainda, aquelas pessoas que dispõem de recursos sobrando e que queiram ajudar a terceiros amenizando seu custo financeiro, podem fazê-lo por meio destes sites.
O que não acho muito viável é alguém que possui pouco capital e que dependa dele partir para esse tipo de negócio visando exclusivamente o lucro, porque os riscos não são desprezíveis.