Pesquisas realizadas pela Comunidade Europeia já citadas aqui no blog faz tempo apontam que as pessoas mais velhas tendem a endividar-se menos. Aliás, aquelas que já ficaram endividadas têm menos chance de recaída, pois estão “escaldadas” e não querem repetir a dose do “sufoco”.
Nessa linha, é ótimo ver o que podem nos ensinar os endividados. Recentemente, o Banco Central promoveu uma pesquisa qualitativa para levantar o que leva as pessoas a chegarem a uma situação de perda de controle financeiro. A ideia do Banco Central é descobrir maneiras de evitar que isso ocorra com frequência, muito provavelmente em razão da observação que vêm fazendo com relação ao crescimento do número de casos no País.
A medida é excelente e nos ajuda também, conforme o resultado, a conferir as dicas que os próprios endividados nos dão.
Inicialmente, portanto, vamos ver o que eles indicam ser a causa da sua situação:
(i) Fatos inesperados – perda de emprego e renda, doença própria e/ou de familiares, morte do responsável pela maior parte da renda familiar, gravidez não programada, separação conjugal;
(ii) falta de planejamento financeiro – compras por impulso, excesso de parcelamento de compras e uso de linhas de crédito de forma impulsiva e descontrolada; e
(iii) empréstimo do nome – o entrevistado retirou empréstimo e/ou financiamento em seu nome para terceiros ou emprestou o seu cartão de crédito a terceiros.
Os endividados afirmam que as instituições financeiras têm parcela da culpa ao colocarem “armadilhas” que favorecem o endividamento. Eles listaram as seguintes:
(i) Excesso de linhas de crédito, com oferta ostensiva;
(ii) Falta de informações claras sobre as condições da operação, com ênfase nas facilidades e benefícios, sem mencionar os riscos;
(iii) Concessão e/ou aumento de limites acima da capacidade de pagamento sem solicitação;
(iv) Pagamento do valor mínimo da fatura.
Os endividados consideram que os juros excessivos e a inflexibilidade dos credores para renegociação das dívidas dificultam a saída da situação de “bola de neve” e da situação de inadimplência, conforme explicita o documento do Banco Central.
Finalmente, vamos às dicas:
- Controlar o orçamento por meio de planilha financeira (Baixe sua planilha de orçamento familiar e controle de gastos aqui);
- Manter no máximo um cartão de crédito, cancelando os demais;
- Economizar, poupar dinheiro e ter reserva financeira;
- Não aceitar muitas linhas de crédito nem limites elevados;
- Aceitar propostas de renegociação de dívida apenas se o credor reduzir juros; e
- Não parcelar as compras em muitas vezes.
Boas observações. Há alguma pesquisa sobre o Brasil?