A indicação do experiente economista Joaquim Levy para Ministro da Fazenda tem servido de munição para questionar a opção da Presidente quanto ao modelo econômico que dá certo para o País.
Não vou entrar nessa discussão, porque não tenho muito interesse nisso, apenas quero mostrar que há um sério equívoco nessa posição.
Hoje, com a eleição da Grécia, e a jocosa dúvida lançada pelo Financial Times para saber se o Primeiro-Ministro será mais para Lula ou para Chaves, aproveito para comentar essa dúvida que paira sobre os curiosos pelo tema.
Para mim e para a torcida do Flamengo e do Corinthians juntas, a Presidente está longe de ter adotado a ideologia neoliberal. Aliás, para quem quer saber o que acredito ser a melhor definição sobre o que é neoliberalismo no Brasil e no mundo, visite esta postagem.
O que aconteceu para a Presidente ter tomado a decisão de mudar de rumo foi o esvaziamento das fontes de financiamento para a sua visão do funcionamento do governo. Não estou dizendo que a visão dela é certa ou errada, porque a discussão é muito mais ampla do que isso, e vários autores têm ganhado a audiência mundial escrevendo sobre o capitalismo e as suas correntes ideológicas de políticas.
Quando resolveram (aí não foi só a Presidente, mas o seu antecessor deu o início ao processo) enfrentar a crise internacional com políticas que jogavam o governo na economia, contavam com um detalhezinho básico: dinheiro.
Os cofres mundiais foram abertos com a redução dos juros a níveis até mesmo negativos, para estimular a economia global. Acontece que o País resolveu entrar nesse dinheiro e fazer a economia ficar aquecida, gerando gastos em dólares e endividamento do setor público superior ao suportado.
Os credores, donos da bola que são, olharam para o nosso Brasil varonil e disseram: “a coisa está ficando perigosa, vamos fechar a torneira”. Assim, ameaçaram levar a bola para casa se as regras não fossem as deles.
Entra então um gestor experiente que em finanças públicas que vai fazer com que os itens mais valorizados pelos credores sejam postos em prática. Não significa, de fato, uma mudança ideológica, ma um ajuste nas contas. Se tudo der certo, a Presidente poderá seguir na sua política após resgatar um pouco de confiança do mercado para continuar financiando o modelo no qual acredita.
Resultado, para continuar jogando, respeita-se a vontade do dono da bola.
Ótimo artigo Beto! Temos financiando o programa de Governo do Lula e Dilma às custas do crescimento da dívida pública em relação ao PIB. Agora que o país começou a desacelerar não restou outra opção para nossa presidenta a não ser dar uma arrumada temporária nas contas públicas nos próximos dois anos para que possam voltar a gastança nos últimos em 2017 e 2018 para garantirem a continuidade no poder na próxima eleição.