Então há um problema de crédito e outro de instrumento. O de crédito é o seguinte: como o credor cearense poderá saber se o devedor gaúcho tem condição de pagar. Quanto ao instrumento, o credor cearense precisa de um documento registrando esta dívida.
Como já vimos a questão do instrumento, voltemos ao crédito. Os americanos utilizam uma coisa chamada “agência de classificação de risco” (ou agência de rating). Trata-se de uma entidade pensada para ser neutra e objetiva na avaliação dos títulos de crédito à disposição no mercado.
Essas agências emitem uma opinião na forma de uma nota (ou em inglês “rating”). Como nos EUA as notas da escola não são como aqui (de 0 a 10), mas sim com letras, AAA é a melhor nota e quanto maior a letra no alfabeto, pior o desempenho e maior o risco.
Desse modo, voltado ao caso do empréstimo do empresário gaúcho e do poupador cearense, a coisa funciona assim: o empresário gaúcho diz que quer emitir um título e colocá-lo à venda (colocação primária). Ele vai a uma empresa de classificação de risco e contrata uma avaliação do título (isso mesmo, quem paga é o empresário gaúcho que será avaliado). De posse dessa avaliação e com a nota emitida, o empresário coloca, por meio de um banco de investimentos, o título à venda no mercado (colocação primária). O poupador cearense vê o anúncio e decide, com base na nota emitida, se irá adquirir aquele título ou não, em função de algumas coisas tais como: a nota recebida (o que tem a ver com o grau de risco que o poupador quer correr) e os juros pagos pelo título.
Muito bem, chegamos ao “feijão com arroz” do rolo que está acontecendo nos Estados Unidos nesse momento. Vamos colocar um “bife” no negócio.
Mas isso na próxima postagem