Para descontrair um pouco, por conta do novo leiaute do blog, vamos dar uma lida em “A Ascensão do Dinheiro”, de Nial Ferguson. Ferguson é um historiador britânico, professor de Harvard, que utiliza de um texto descontraído para mostrar algo em que ninguém acredita: a força que o dinheiro tem.
Um trecho bastante interessante, logo no início do livro (p.40 da versão em inglês), conta a história, segundo ele, de um agiota chamado Gerard Law, que foi denunciado pelo empréstimo extorsivo realizado a um de seus clientes. O pacato (não há registros de agressões contra ele) financista informal chegava a cobrar 25% de juros por semana.
Em uma tentativa de equacionar a racionalidade econômica da atividade de Law, que fazia seus empréstimos em um bairro pobre de Glasgow na Inglaterra, o autor enumera duas características inerentes ao microempresário informal do crédito e as justificativas:
1 – Ele era capaz de tirar vantagem da falta de interesse dos grandes conglomerados financeiros em emprestarem para os desempregados do bairro.
2 – Ele tinha que ser ganancioso e sem compaixão exatamente porque os membros da sua pequena clientela muito provavelmente não irão pagar de volta o empréstimo.
A dificuldade fundamental de ser um agiota é que a escala do negócio é tão pequena e tão arriscada que não permite juros baixos, segundo Ferguson.
Por outro lado, conforme ele, as altas taxas tornam os valores ainda mais altos e a intimidação garante que as pessoas continuem pagando os empréstimos. Daí surge o conflito fundamental: se forem generosos não ganham dinheiro (de fato podem até quebrar) e, se forem durões demais, as pessoas chamam a polícia. Para contornar essa situação, o historiador apresenta a resposta: tornar-se grande e tornar-se poderoso. E, com esta “deixa”, ele entra com a sua seção sobre o “Nascimento dos Bancos”.