Matéria da Veja Online que reproduz levantamento do Jornal Valor Econômico informa que “Bancos lucraram 8 vezes mais no governo de Lula do que no de FHC”
Eu também acho isso, embora nunca tenha feito o levantamento por pura falta de tempo.
Por outro lado, em que pesem as dificuldades de início de governo Lula, com a condução do Ex-Ministro-Presidente do Banco Central Henrique Meirelles, a quantidade de regras protetivas do consumidor foram tantas na área bancária que me deram a oportunidade de escrever um livro sobre o assunto.
Infelizmente, as medidas não deram muito certo (se a aferição do sucesso depender do lucro dos bancos) porque o consumidor muitas vezes sequer sabe da sua existência.
As regras sobre limites às tarifas bancárias hoje, comparadas às da época do governo FHC, são como água e vinho. Da quase total liberdade ao controle do que pode ser cobrado. Alguns até afirmavam que FHC estava proporcionando ganhos com tarifas em razão da redução dos proporcionados pela inflação.
Sem querer ser injusto com este ou com aquele, a verdade sobre o sistema financeiro e a regulação, que tanto se discute de forma rasteira, com estas brigas na campanha eleitoral, é que a pressão política dos bancos é gigantesca.
Se o resultado dessa pressão é sempre positivo para eles ou não, ai a conversa é outra. Houve vários ganhos, e algumas perdas, mas se fizermos uma lista (como o Valor se prontificou a fazer), acho que o saldo é credor para os bancos.
A pergunta é: deve ser assim? Creio que a discussão transcende essa minha manifestação, dado que respinga na própria justificativa para a existência do Estado. Filosofia pura. Um prato cheio para as argumentações que dão vida à direita e à esquerda.
A verdade é que nunca se pagou tantos juros como atualmente (ainda que mais baixos em termos de taxas), porque o volume de crédito é enorme. Agora, se esses juros são o custo da felicidade de consumo, quem sou eu para dizer que a despesa dos consumidores com o que se torna lucro dos bancos vale ou não vale a pena?
Vi um julgado em que a juíza dizia que a autonomia de vontade levou o cliente a fazer dívidas para gastar com o que ele entendia ser importante. Por esta razão, não deveria estar ali, no judiciário, tentando encontrar uma maneira de não pagar o que devia.
Da minha parte, gosto que paguem o que me devem, e acho que deve ser assim com a maioria de nós.
Se reconhecermos a fragilidade de nossas almas com relação à propaganda (seja ela direta ou subliminar) ou à pressão social que não nos permite continuar usando uma televisão com tubo de imagem em lugar de uma nova de tela plana, estou com aqueles que acreditam que os bancos e comerciantes (esses empresários…) são uns aproveitadores.
Caso contrário, se entendermos que a nossa alma é forte e nós temos a opção de juntar dinheiro para adquirir apenas aquilo de que necessitamos, ou, ainda, que nos planejamos para realizar gastos com supérfluos, mesmo com a ajuda de um empréstimo bancário, então, nem bancos nem comerciantes têm nada a ver com o pato. Cumprem a sua função e estão ai para isso mesmo. Defendo portanto, ambos com todas as minhas forças.
Resolvida esta esquizofrenia (??? Está longe…) sobre o vilão, acredito que a espuma eleitoral que faz apologia (raramente) ou demoniza os banqueiros está posta. Não creio que, por si, esta espuma seja suficiente para mudar a percepção de parte da sociedade sobre a legitimidade e o destino da riqueza alheia.
Artigo da Veja aqui