Aplicação em ações específicas não é uma coisa muito simples de fazer. Não me refiro ao processo em si, que é bem tranquilo, embora um pouquinho mais demorado do a aplicação em um fundo, mas à escolha dos papéis nos quais investir. Vamos ver a pergunta do Lincoln para entender sobre o que estou falando.
Estou pensando então em esperar cair mais o Ibovespa (com essa crise, é provável que caia) e investir somente R$ 1.000,00 e esperar o resultado. Minhas preferencias:
Bradesco On, Sid Nacional, Cyrela, Gafisa, Gerdau, Gol, Hipermarcas, JHSF, MMX, MRV, OGX, P. Açúcar, Petrobrás, Rossi Resid On, Tam, Usiminas e Vale.
Sobre essas empresas Beto, o que vc poderia me dizer? O que poderia me aconselhar?
O Lincoln avisou que vinha acompanhando o resultado destas empresas há algum tempo.
Vamos lá. Embora algumas pessoas gostem muito de análise gráfica, esta não é a minha praia. Digo isso porque os movimentos nos mercados de ações podem ser afetados por eventos totalmente alheios ao passado, o que causa certo problema para quem quer fazer investimentos para o futuro, o que é o caso dele (Lincoln), e meu.
Vamos agora pensar sobre alguns poucos pontos que devemos observar nas empresas antes de entrarmos no negócio. Lembre-se que se você compra as ações de uma determinada companhia está se tornando sócio dela. Então, a primeira pergunta é: será que eu quero ser sócio desta empresa? Que fatores me levariam a ter interesse em associar-me?
Vamos pensar em alguns pontos: conhecimento do mercado em que atua a empresa; principais concorrentes e fornecedores, dado que tanto os primeiros quanto os últimos podem afetar o desempenho (imagine se o principal fornecedor for adquirido pelo concorrente); estrutura de comando da empresa, isto é, verificar se é uma empresa familiar, se os executivos são competentes, etc; situação patrimonial, comparando as dívidas da empresa com os seus haveres e seu capital; etc.
Só ai já deu para ter uma boa ideia de que, para que eu respondesse a pergunta do Lincoln teria um certo trabalho. Ainda que eu não precisasse realizar esta tarefa sozinho, isto é, se eu utilizasse os relatórios dos analistas que cobrem especificamente cada uma das empresas, haveria muito material para ler, principalmente se eu não quisesse ficar limitado a ler apenas uma avaliação para cada uma dessas empresas. Aliás, outro problema que provavelmente enfrentaria seria a inexistência de analistas cobrindo um determnado papel que desejo avaliar.
Muito bem, o resumo da história é: se você não tem tempo disponível e nem a disposição para estudar relatórios e avaliar empresas, procure uma saída viável para investir no mercado de ações, sugiro uma atitude mais “fundo de gestão passiva”, ou chamada de “carona” (free rider): aplique em um fundo de índice (veja mais sobre fundos ETF), ou, se você tem uma boa grana para isso, faça o seu próprio fundo, comprando os papéis na mesma proporção do índice (você pode concentrar-se nos 13 a 15 primeiros) e ficando sempre atento para mudar a carteira com a adequação do índice. Esta é uma estratégia do tipo “maria-vai-com-as-outras”, mas se aproveita de toda a trabalheira que os outros tiveram por você, e que se reflete nas negociações do mercado, isto é, no índice.
Beto, e investir, longo prazo, em ações pensando nas distribuições de dividendos? Será que o retorno, desconsiderando a variação do preço da ação, é maior que um aplicação em renda fixa(tipo Tesouro Direto)?
Vale lembrar que os ETF’s são uma boa opção para minização do risco, já que neste você “adquiri várias empresas”, ou seja, se uma cair, as outras poderão compensar esta baixa.