Uma coisa que o pessoal do Banco Central conhece muito bem é o chamado risco operacional. Você não tem a mínima obrigação de conhecer o que isso seja, mas paga a conta por ele. Então eu vou explicar de uma maneira simplificada. O risco operacional é aquele associado, como o próprio nome diz, à operação do negócio. Roubos, fraude, erros de processamento, numa rápida exemplificação.
Você paga a conta por ele dado que, onde é possível fazer seguro para preveni-lo, este é feito e faz parte dos custos do banco (que são seus de alguma forma). Onde não há seguro, se o prejuízo for grande a ponto de colocar em risco a saúde do sistema financeiro como um todo, você será chamado a contribuir com o saneamento, mesmo que não seja acionista de nenhum bancos ou sequer tenha conta em um.
O risco operacional é algo que pode trazer problemas às instituições financeiras, tanto que o acordo da Basileia 2 traz o conceito e pede que os bancos separem recursos para o caso de ocorrência de fatores associados a esse tipo de risco.
O conhecido apresentador Sílvio Santos pode ter sido vítima de um risco operacional sem tamanho, isso é, de uma fraude enorme praticada por alguns dos administradores do banco que possui. Isso não é novidade no mundo financeiro. Aliás, em um ambiente em que o único incentivo é o dinheiro, só está por lá quem tem interesse em obtê-lo. Nesse conjunto se enquadram os que usam de recursos do bem e os que usam os do mal.
Mas voltando à vaca fria, vamos cutucar mais uma vez o querido Banco Central, que não percebeu a fraude que, segundo alguns jornais, já vinha ocorrendo desde 2006! Ora, mas não perceber fraudes em balanços parece ser uma coisa nova? Infelizmente não. Quem não se lembra do caso do Banco Nacional, que foi o estopim, por assim dizer, do famigerado Proer (aquele programa de auxílio à restruturação de bancos em extrema dificuldade financeira).
No banco mencionado, o problema verificado foi exatamente a fraude contábil em operações de crédito. Eram criados clientes fictícios para tomarem empréstimos. De uma certa forma, foi o que aconteceu com o PanAmericano, que repassava as operações para outras instituições mas “esquecia” de tirá-las do balanço.
Minha preocupação apenas é ressaltar que havia um monte de gente a postos para perceber essas possíveis falhas operacionais, inclusive a auditoria independente, o próprio Banco Central, as agências de Rating, enfim, muita gente que aparece agora para realizar a autópsia.
Gostaria muito que este aparato todo, destinado a transmitir a sensação de tranquilidade no mercado financeiro não se limitasse a fazê-lo por meio de declarações, mas por ações efetivas. Comer mosca em uma contabilização de um derivativo mega-hiper-complicado pode até ser justificável, mas em operações de venda de carteira de crédito? Me poupem.
O sempre competente, preciso e bem informado Beto Veiga. Pena que esse nosso país continua repetindo os velhos e conhecidos erros, para infelicidade geral da Nação (e de nossos bolsos!).
Olá, Guilherme,
Você é um gentil homem, como diz meu tio.
Queria que as pessoas tivessem a dimensão da importância dessa discussão.
Abraço forte do Beto
Ótimo post. Parabéns pelo site.
http://www.investidorindependente.blogspot.com
abraços
Realmente, quantos poderiam ter observado este **pequeno** detalhe! mAs…
Parabéns pelo site, eficiente.
Fazer o que ?
Só uma justiça será feita. Poderá demorar, mas será feita !
Gostaria de lembrar que de modo geral executivos em altos cargos têm boa reputação e competência. Afinal ninguém seria tolo ou louco a ponto de colocar na diretoria de um banco pessoas com maus antecedentes. Ocorre que em alguns seres humanos os valores morais podem ser sobrepujados pela ganância e aí a inteligência passa a ser aplicada para o mal. Estes safardanas são espertos e por algum tempo conseguem lograr os outros e por isto não é fácil perceber uma fraude logo no início. Não acredito que SS tivesse noção da quadrilha que estava a “administar” seu banco. Quando o assunto é dinheiro é preciso confiar nos bons, mas sempre se mantendo vigilante e desconfiado!