Estava lendo uma interessante, embora triste, matéria da revista The Economist com o seguinte título: “É caro ser pobre”.
Trata-se de uma reportagem, publicada na seção “United Stantes” da revista, que tem como objetivo dizer que os estadunidenses de baixa renda às vezes têm que pagar mais.
Se fosse aqui no Brasil, começaríamos com a carga tributária que, como incide sobre o consumo fortemente, leva boa parte da renda do que ganha pouco. Isso acontece porque ele gasta com consumo quase tudo o que ganha e, em decorrência, sofre na pele uma quantidade de impostos elevadíssima comparativamente à esta renda.
Mas voltemos à matéria para passar alguns dados importantes.
O primeiro deles dá conta que o americano de baixa renda tem preferido não manter conta em banco (tópico focal do nosso blog) em razão das tarifas bancárias cobradas por ali. Como dispõem de pouca grana, não conseguem manter o saldo mínimo que garanta a isenção de encargos.
No solo tupiniquim, existem os serviços essenciais, de prestação obrigatória e gratuita pelos bancos, mas como mencionei nessa postagem aqui, a regra ficou totalmente fragilizada.
A matéria informa que ficar sem conta também é caro, porque o simples ato de descontar um cheque que receba como pagamento acaba custando de 2 a 5% do valor do salário. Ademais, que além de pagar pelo saque, acaba pagando também para remeter o dinheiro para alguém.
A saída para alguns estados que querem reduzir os custos para os pobres quando fazem transferências de recursos é o uso dos cartões pré-pagos. Todavia, como o cartão só possibilita um saque gratuito (os outros são pagos), o alívio é pouco.
A situação complica com o crédito. Essas pessoas acabam recorrendo a fontes “alternativas”, embora no País as regulamentadas façam as vezes…
Estudos de 2013 apontaram para um empréstimo médio de US$ 350, com juros anuais na casa dos 322% ao ano. Só para registro, o cartão de crédito no Brasil já chegou a 400% no rotativo este ano.
Aliás, a moda brasileira de “antecipar” a restituição do IR, isto é, uma operação de crédito pessoal com nome diferente, virou moda por lá também.
A matéria conclui com a seguinte dupla de implicações para o alto custo de vida dos mais pobres: 1) “a desigualdade é pior do que o números mostram”; e 2) “descobrir formas de reduzir esses custos” (como tornar mais rápido o recebimento dos tributos ou “mudança de regras nas tarifas de saques a descoberto”), seria “uma forma barata de ajudar os que ganham pouco”.
Crédito da foto: Wayne S. Grazio (flickr)
Engraçado, hoje mesmo eu estava pensando na frase: “O pobre pega um empréstimo bancário para parecer rico (comprar o carro do ano, p.ex.), e no final quem fica (mais) rico é o bancário”… Acho que, pior do que as condições citadas no texto, são as propagandas, que incutem na mente das pessoas o desejo de consumir, para já, produtos de que elas não precisam ou poderiam substituir por outros mais baratos (v. filme A Origem). “Status é gastar um dinheiro que vc não tem para comprar coisas de que vc não precisa, a fim de mostrar para pessoas de quem vc não gosta ser uma pessoa que vc não é.”
Olá, Adr4iano,
Este seu cometário rende uma postagem, com alguns complementos que já coloquei em algum lugar no blog. Vou pesquisar e preparar alguma coisa. Certamente falarei sobre isso na rádio semana que vem.
Muito obrigado pelo comentário e abraço do Beto