Pensando assim, se der tudo certo para você, ótimo! Caso contrário, você não se decepcionará. Na realidade, já haverá tomado as medidas preventivas necessárias para não se dar mal (essa postagem tem como base trabalhos acadêmicos de George Stigler, Sam Peltzman, Jean Tirole e outros).
Antes que fiquem pensando em me atribuir uma classificação qualquer, quero deixar claro que o intuito desse texto é fazer com que sejamos mais atentos e não fiquemos no país da Alice.
A nossa preguiça habitual nos leva a pensar que as agências reguladoras, assim como os demais órgãos do governo e de defesa do consumidor, estão trabalhando por nós. Enquanto estamos pensando, aqueles que são regulados por essas agências, ou que estão sujeitos a grandes perdas caso os órgãos do governo tomem decisões contra eles, estão agindo!
Isso mesmo, agindo junto a esses órgãos no sentido de garantir, com “g” maiúsculo, que: ou não serão alvo de nenhum “ataque”, ou que terão algum benefício com a atuação deles.
Você acha que eles ficam como nós, só na espera? Não. As empresas têm todos os motivos para agirem antecipadamente na proteção de seus negócios, a começar pela indicação de quem serão os administradores das agências ou de órgãos que possam lhes causar danos. Isso não é difícil imaginar, tendo em vista que são essas empresas que contribuem com campanhas políticas e que são esses políticos eleitos que “indicam” os gestores das agências. Na realidade, eles apontam aqueles previamente “sugeridos” por seus patrocinadores.
Essa atitude é bem natural, tendo em conta que se você tivesse interesses realmente relevantes que fossem afetados por esses órgãos e, além disso, os recursos financeiros necessários para alterar as decisões deles emanadas, muito provavelmente estaria fazendo a mesma coisa.
Uma das razões pelas quais, às vezes, as decisões desses órgãos nos beneficiam, tem a ver com o poder de voto para a eleição dos políticos. E é por isso que se procura cada vez mais, por parte das empresas, o conceito de “independência” que você já deve ter ouvido falar por aí. Assim, há um balanço (não necessariamente equivalente) entre as forças financeiras que tendem a puxar para um lado e aquelas do voto que levam para outro.
Quero deixar claro, mais uma vez, que essa é apenas uma das explicações para o que realmente acontece, uma vez que há outras motivações envolvidas.
Enquanto isso, parta para a luta você também, tomando o maior cuidado do mundo quando decidir sobre o seu consumo e sobre seus contratos. Eduque-se! Principalmente para a sua vida. Não espere que os outros tomem conta de você, porque, como diz o sábio provérbio futebolístico: “quem não faz, leva”.