A gente deve tirar as nossas conclusões.
Comecei a escrever sobre a diferença entre a taxa de juros paga pelo consumidor e aquela paga pelos bancos ao dinheiro neles depositado já faz uns cinco anos. Nesse período, pude observar o seguinte: as tarifas de abertura de crédito subiram uma barbaridade. Numa outra postagem eu mostro uma tabela. Essa é uma coisa que a gente nunca presta atenção.
Quando compramos um bem financiado, nos é informada a taxa de juros (que a maioria não tem a menor noção de o que significa) e, “raríssimas” vezes a comparamos com aquela praticada por outras instituições (financeiras, bancos, etc.). Quando, em alguma dessas raras ocasiões, fazemos a comparação, não nos damos conta de uma casquinha de banana colocada no negócio: a tarifa. Há várias delas à escolha do banco: taxa de cadastro, tarifa de abertura de crédito, tarifa de cobrança de boleto, taxa de envio, e por aí vai.
Essas tarifas são colocadas no valor financiado e você nem percebe que, ao parcelar um liquidificador de R$ 100,00, parcela, igualmente, aproximadamente uns R$ 20 a R$ 40 só de tarifas cobradas. Assim, logo na partida, o seu empréstimo sofre um acréscimo de 20 a 40%. Para mim, isso são juros, e para os técnicos realmente diligentes do Banco Central também, tanto que eles, ao editarem a Circular 2.905, em 30/06/1999, diziam que as taxas de juros efetivas a constar dos contratos deveriam informar a taxa efetiva mensal e anual equivalente a todos os encargos e demais despesas incidentes no curso normal da operação.
Infelizmente, menos de quatro meses depois, houve uma pequenina modificação, tornada efetiva com a edição da Circular 2.936, em 14/10/1999, que estabeleceu que deveria ser informada a taxa efetiva mensal e anual equivalente aos juros, e que os tributos e contribuições e os respectivos valores e as tarifas e demais despesas e os respectivos valores deveriam ser informados separadamente.
Olhando de maneira benevolente, poderíamos dizer que isso seria melhor para o consumidor, pois, dá maior clareza sobre o que está sendo cobrado. Estou de acordo com esta informação, porém, dado que estamos em um mercado onde a compreensão dos dados explicitados não é tão comum, a inexistência de um parâmetro único torna extremamente difícil a comparação entre os diversos bancos e financeiras. Por exemplo, um banco pode oferecer uma taxa de juros de um por cento e cobrar cinco reais por prestação, como tarifa. Outro banco pode cobrar 2% de juros e apenas um real de tarifa por prestação. Torna-se portanto, um pouco mais difícil de comparar.
Assim, ficou a tarefa para o consumidor, julgar qual é a melhor opção para si.
Se você vai fazer um financiamento e gosta de pesquisar, não pergunte apenas o valor da taxa de juros, mas quais as tarifas que estão sendo cobradas. Avalie se vale à pena pagar até R$ 1.100,00 reais de taxa de abertura de crédito, como é o caso de alguns financiamentos de automóveis.
A dica final com a melhor forma de resolver esse problema é comparar as diferentes prestações. Lembre-se: Com tudo incluído. Não caia no conto do 0,99% de juros ao mês!
Eu acho que é importante saber o valor da tarifa para que você tenha uma idéia de quanto está gastando realmente para ter o bem naquele momento, em vez de juntar o dinheiro e comprá-lo mais tarde, sem ter que sustentar desnecessariamente aqueles que vivem da ansiedade alheia (se você pode viver sem esse bem).
2006-10-10
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