A Aparecida achou muito interessante uma matéria sobre uma empresa que presta consultoria financeira e, de quebra, vende aplicações no mercado.
Ela falou:
“achei muito interessante e estou querendo saber OBJETIVAMENTE que firma do gênero contatar, pois quero entrar num desses clubes de pequenos investidores urgente.”
Dito isso, ela pede o conselho deste que vos escreve, portanto, aqui vou eu:
Isso tem sido uma tendência no Brasil, aproveitando a alta das ações negociadas na Bovespa e a enxurrada de matérias sobre o assunto. O “modelo de negócios” consiste em fazer uma sinergia entre cursos básicos de como investir em ações e, depois, a intermediação do negócio junto a alguma corretora (ou várias).
Tenho visto até mesmo anúncios dessas empresas oferecendo aplicações em clubes de investimentos específicos, com a cara de um fundo de investimentos.
Esta operação poderia ser interessante por um lado, no sentido de promover maior concorrência no mercado, visto que várias empresas menores e com custos reduzidos se espalham e, supostamente, deveriam reduzir as taxas cobradas dos clientes. Note, por outro lado, que na maioria das vezes issso não acontece porque é de parte da corretagem (devolvida à empresa pela corretora que ela representa) que vivem estas empresas.
O mais importante, contudo, é a questão do conflito de interesses desta consultoria e dos cursos. Muitas vezes os cursos são desenhados para fazer com que o leigo imagine ser fácil ganhar dinheiro com ações e queira entrar no mercado.
Com essa prática, a firma incentiva os investidores a negociar ações e pagar as corretagens sobre as quais ela ganha dinheiro.
Um exemplo interessante para comprovar o que estou dizendo é aquele filme “Em busca da felicidade”, que conta a história de um cara que se transformou em um consultor de investimentos e a atividade principal dele era conquistar clientes para fazerem aplicações. Ele acaba aprendendo como o negócio funciona e se torna o dono de uma firma (veja os créditos no final do filme). Percebam que não é ele quem decide onde o dinheiro será aplicado, o que é uma coisa secundária, num primeiro momento. Ele é um “vendedor” de investimentos.
O sistema financeiro tem uma magia tão grande para as pessoas que desconhecem os seus meandros que, se surge alguém com algum conhecimento, os leigos ficam imaginando que alí pode estar a solução para o seu enriquecimento.
Outro ponto importante a observar é a questão da oferta de clubes de investimentos. É uma boa opção para os investidores quando eles acompanham a gestão do clube (quando eles mesmos formam o clube e o administram), mas tenho um pouco de receio quando optamos por essa modalidade para nos livrarmos da tarefa de escolher com cuidado as ações que iremos adquirir.
Para esta última opção, lembro que há uma infinidade de fundos de investimentos por aí e, segundo as regras, são mais transparentes do que os clubes de terceiros nos quais entramos apenas como se fossemos “cotistas”. No meu entendimento, fundo é fundo e clube é clube.
Por fim, recomendo a leitura da postagem que fiz aqui sobre o cuidado com as consultorias financeiras e afirmo para a Aparecida que, objetivamente, não posso recomendar nenhuma firma do gênero, em função do meu compromisso aqui da página.
Olá,
Gostei muito do artigo.
Realmente é bem interessante saber diferenciar fundos de investimentos de clube de investimento.
Parabéns!