Um interessante comentário chegou por e-mail. Vamos a ele:
“Após ler alguns artigos em diferentes fontes afirmando o Tesouro Direto ser mais vantajoso do que a caderneta fiquei com a seguinte dúvida. A rentabilidade (bruta) anual do Tesouro gira em torno de 12%, em um investimento de 2 anos por exemplo, descontado a incidência do IR e as demais taxas, a rentabilidade real passa a ser algo em torno de 6,5% a 7%, algo bem próximo da poupança, correto? Ah, e levando em conta essa rentabilidade e a da poupança a liquidez vai pesar na hora de decidir entre os 2. Pelo simulador do Tesouro mesmo, em algumas situações, conseguir obter lucro menor do que a poupança após retirar os 15%. Bom, levanto em conta eu ser bem inexperiente no assunto e nunca ter investido nele, não acredito que com tanta informação favorecendo esse bendito Tesouro eu esteja correto. Por favor, podem me esclarecer até onde estou certo ou errado e, se possível, algumas dicas de como colher frutos melhores do Tesouro? Desde de já, Obrigado e um forte abraço.”
Para responder esta intrigante pergunta, vamos começar a considerar um pouco os números, vez que fiz a simulação comparando algumas opções de renda fixa, dentre elas, duas envolvendo o Tesouro Direto.
Os números nos mostram exatamente o que sabemos: com os juros em baixa, a Poupança tem um diferencial favorável com relação aos impostos, mas, mesmo assim, ainda fica um pouco abaixo da rentabilidade de um título público na situação em que as corretagens são “amigáveis”.
Esta diferença se faz sentir quando aumentamos os valores de aplicação, logicamente. Isso é parte do funcionamento de qualquer produto financeiro.
O acerto com relação à liquidez é perfeito, todavia, a diferença pode não ser tão grande. Como menciono no livro Tesouro Direto, esta característica de todo investimento tem que ser analisada não apenas quanto à possibilidade de saque, mas o quanto se perde com este saque. A Poupança proporciona o saque diário, mas se você o fizer decorridos, digamos, 25 dias do último vencimento, irá perder a rentabilidade acumulada. Literalmente, perder, porque ela estava pronta a ser creditada em cinco dias. No Tesouro Direto, por outro lado, se você utilizar uma LFT, só poderá realizar as vendas nas quartas, recebendo o dinheiro no dia útil seguinte, mas ela recebe toda a variação da Selic. Outro ponto sobre a liquidez dos títulos públicos é a diferença entre o preço de compra e de venda. Nesse caso, se o papel não for este que mencionei, a questão da liquidez torna-se mais relevante. Finalmente, sim, ter que esperar até o dia útil seguinte à próxima quarta-feira pode ser muito caro em situações de emergência.
Pelo lado da rentabilidade, falamos apenas dos títulos indexados à Selic. Lembremo-nos que há outros, como os prefixados, e os pré-pós, que trazem a correção por juros fixos mais inflação.
Quanto às dicas, uma passada pelo blog já irá trazer vários pensamentos que tenho sobre os títulos públicos e, aproveitando a oportunidade, fica o comercial: invista mais no seu conhecimento com o livro Tesouro Direto. 😉
Em suma, o que pudemos observar é que o Tesouro Direto não faz mágica, contudo, uma boa opção é, para quem tem um pouquinho mais de dinheiro, diversificar e, mesmo que a diferença no rendimento seja pequena nesse momento, você terá a chance de entendê-la de perto.
Estamos vendo que a pergunta demonstra dois pontos essenciais para quem quer atingir a sua tranquilidade financeira. O primeiro diz respeito À procura por informação de qualidade. O outro reside no questionamento com relação à veracidade dessa informação, muito bem argumentada com a utilização da qualidade racional que nos diferencia dos outros animais.
Fica, portanto, esta mensagem a título de exemplo de como devemos agir com relação aos nossos investimentos.
Obrigado pela rápido retorno Beto, contudo acho que eu pequei quanto aos números, ratificando, por ser bem inexperiente calculei o IR sobre o valor Bruto (Valor aplicado + rentabilidade), o que na verdade seria somente a rentabilidade, correto? Ai realmente fica difícil ter um retorno razoável rs.
Aproveitando a barca, acredito ser bem trivial para muitos, mas as taxas de adm são cobradas somente sobre o valor aplicado?
Abraços e parabéns pelo blog.
Olá, Alan,
Muito obrigado pelo comentário.
A taxa de administração é sua sócia, vez que incide sobre tudo: capital e juros.
Abraço do Beto
acho que o amigo calculou errado
uma aplicacao de 12% a.a. nao fica em 6.5% liquido!!
pelos meus calculos e pela calculadora do proprio Tesouro, fica proximo de 10% a.a.!! isso levando em conta um corretora ou banco na faixa de 0% a 0.5% de adm!!
abss
Olá, Erico,
Muito obrigado pelo comentário, mas o cálculo que fiz está na outra postagem. Este valor refere-se à apuração feita pelo leitor.
Abraço do Beto
Beto, a minha dúvida na verdade é a seguinte: qual é realmente o risco do Tesouro Direto? Por exemplo, suponhamos que nós tivéssemos um “Tesouro Direto” na Grécia. Como ficaria os investidores pessoa física depois de tudo que aconteceu? Outra dúvida: é possível algum tipo de “fraude” através das corretoras? Ou seja, em algum momento pode acontecer da corretora não comprar os títulos e eu achar que tenho e na verdade eu não tenho nada? Obrigado. Marcos
Caro Beto, na sua resposta para o Alan, você disse que a tx de adm. incide sobre o capital + juros, mas pelo que eu tenho em outros sites de finanças ela incide sobre o capital aplicado.
Por exemplo, uma aplicação de R$ 1000,00 num fundo de renda fixa com tx de adm de 1% a.a. após 1 ano o saldo do fundo é de R$ 1100,00 pois o fundo rendeu R$ 100,00 após 1 ano. Neste caso esta tx de adm de 1% incide sobre R$ 1000,00 e não sobre R$ 1100,00 certo?
Me desculpe se minha pergunta é básica. Um abraço e parabéns pelo blog.
Olá, Luiz,
Muito obrigado pela sua visita e pelos comentários.
Este tipo de pergunta é o que eu considero totalmente adequada ao perfil do blog.
A taxa de administração incide sobre o patrimônio do fundo. Isto inclui o principal e os juros. Inclusive, no caso de fundos de ações (o que são ações), por exemplo, se tiver havido uma queda forte na bolsa de maneira que o valor inicial do investimento esteja menor do que o inicialmente investido, ainda assim você pagará taxa de administração.
Abraço do Beto