Você sabe como se comporta o seu plano de previdência privada quando há uma baixa das ações? Esta pergunta do Felipe nos ajuda a discutir o assunto.
Tenho um plano de previdência que investe 20% em ações. Como o mercado está em baixa agora, gostaria de saber se é a hora de fazer aportes ou se seria melhor esperar a bolsa se valorizar mais?
Pergunto isso, pois quando se faz um investimento direto em ações, o ideal é comprá-las agora, na baixa do mercado. Isso também se aplica ao plano de previdência ou não?
A composição da carteira dos fundos de previdência privada, que no caso dessa consulta tem 20% em ações, é o indicativo de o que será adquirido pelo gestor a cada vez que ele for comprar novos ativos. É uma espécie de acordo firmado entre quem adere ao fundo e quem o administra.
Dessa forma, mesmo que as ações estejam em baixa, o gestor deverá manter o percentual acordado em ações, o que, de certo modo, já “força” que ele compre novos papéis. Isso acontece porque, quando o preço das ações cai, elas passam a participar com um percentual menor do total de ativos. Assim, para recompor o percentual acertado, o gestor deve aumentar a participação dessas ações, comprando mais papéis.
Um fundo de R$ 1.000 de patrimônio tem R$ 800 em títulos públicos e R$ 200 em ações. Vamos supor que o mercado acionário tenha caído 10% e que o de títulos tenha se mantido igual. Assim, o patrimônio do fundo irá para R$ 980 (R$ 800 dos títulos mais R$ 180 de ações).
O percentual das ações nessa nova composição ficou em R$ 180/ R$ 980 = 0,1836, isto é, 18,36%. Como o acordo é 20%, o gestor deve vender títulos para comprar ações de modo que o valor fique em R$ 196 (20% de R$ 980). Portanto, o gestor deve comprar R$ 16 em ações, de modo que os títulos públicos ficarão em R$ 784 e as ações em R$ 196.
Bom, até agora ainda não respondi a pergunta diretamente, mas agora ela vai: você percebeu o que aconteceu com a cota do fundo? Vamos supor que fosse uma única cota com valor de R$ 1.000 (veja mais nessa postagem sobre fundos). Com a queda da bolsa, o valor da cota passou a R$ 980. Portanto, se você aplicar mais dinheiro nesse fundo, estará comprando com a cota mais barata e, portanto, comprando mais cotas com o mesmo dinheiro. Quando o mercado acionário subir você irá beneficiar-se dessa subida com um número maior de cotas.
Finalmente, vale chamar a sua atenção para o fato de que o ganho estará restrito ao percentual de ações que o fundo possui. Como este percentual, definido na hora de investir, é uma escolha que depende do perfil de tolerância ao risco de cada um (veja mais sobre API – Análise do perfil do investidor), aí está a equação.
Vale lembrar que o livro Tranquilidade Financeira – Saiba como investir no seu futuro trata do assunto da diversificação e do balanceamento de carteiras.
Este texto e suas referências (links) estão bem Beto. Consegui esclarecer algumas dúvidas que eu tinha sobre os Fundos de Previdência.
Olá Vinícius,
Muito obrigado. Ainda bem que ficou o meu “DNA” no texto ;).
Abraço do Beto
Isso quer dizer que: se for uma pessoa com mais de 25 anos de aplicação em previdência pela frente, esse é um bom momento p/ trocar o fundo de renda fixa da previdência por um com 30 ou 49% em ações?
Essa é a minha dúvida também…adorei a pergunta!
Obrigada.
Olá, Rose,
Sim, este é um dos bons momentos para isso. Você pode fazer aos poucos, como comentei. Ninguém sabe se vai voltar a cair. Eu creio que isso pode acontecer.
Porém, o mais importante é você ter certeza de que seu perfil de investidora suporta um percentual elevado em ações. Se suportar, boa sorte.
Abraço do Beto