Uma das maiores preocupações que os pais têm atualmente diz respeito à formação de um patrimônio para seus filhos. Embora este seja um tópico relacionado com a questão do planejamento sucessório, de que falarei em breve, acredito que há um certo equívoco com a forma como esta preocupação se equaciona, em geral.
Certa vez, fui procurado por um pai, profissional liberal, cuja renda mensal oscilava em torno de uns R$ 40.000,00. Ele me perguntou qual montante precisaria acumular para “morrer tranquilo”. A partir daí, pedi que ele me informasse sobre o que queria garantir para os filhos e começou a falar. Contou-me que pagava a escola da neta e que uma das filhas já havia desistido de vários cursos superiores que havia iniciado e, naquele momento, lhe pedia que investisse num pequeno hotel em alguma cidade do nordeste.
Veredito: todo o dinheiro do mundo seria pouco para garantir uma “morte tranquila”, porque o principal não havia sido feito. Ele, por um motivo que pode ser diferente daquele de quem me lê nesse momento, não havia preparado os filhos para a vida. Em vez disso, tratava de centralizar as decisões e de dedicar as horas vagas a outras atividades que não um acompanhamento de perto das atividades dos descendentes.
Vejo várias pessoas comentando que estão fazendo planos de previdência para seus filhos, como se isso não fosse muito mais benéfico aos bancos do que aos destinatários o recurso. Muito melhor do que um plano de previdência, que acaba sendo uma forma de “lavar as mãos” com relação ao futuro, pensando que aquele dinheiro é suficiente.
Hoje você pode gastar milhões de reais com apenas um clique em um botão, imagine os filhos. Ir a uma festa, com ingresso barato, fica em torno de uns R$ 80,00. Se o filho ainda não tiver uma boa educação, pode demandar uns R$ 200,00 a R$ 250,00 para pagar por o que convencionou-se chamar de “área VIP”. É fácil notar, portanto, que se o jovem rapaz estiver dependendo de você e sair uma vez por semana, pode consumir de R$ 360 a R$ 1.000 por mês só com isso.
Estamos indo de trás para frente, mas festinhas infantis custam muito, quando o que a criança mais queria era brincar um pouco com seus amigos e parentes. Ainda assim há aqueles que entendem necessário fazer festas dispendiosas e gastam uma boa grana para satisfazer aquilo que, às vezes, trata-se mais de uma carência pessoal do que uma vontade do filho.
Aí, todo dinheiro do mundo é pouco, porque sempre haverá algo em que gastar para buscar a suposta felicidade. Assim, minha abordagem para isso é outra. Em vez de comprar ou de juntar, ensine. Se não sabe ensinar, acompanhe.
O procedimento é o seguinte: você não precisa de plano de previdência nenhum se seu filho entender os valores da vida de forma clara. Se ele souber que o seu trabalho para prover alimento, moradia e vestuário, devem ser valorizados, e não servirem apenas de satisfação aos interesses egoísticos que todos tendemos a ter, inclusive nossos filhos.
Uma vez atingido este objetivo, o passo seguinte é dar o exemplo. Seja austero com seu dinheiro e respeite o tempo que dedica ao trabalho, limitando seus gastos a coisas que realmente tragam valor.
Agora, o mais trabalhoso: sente com seu filho e acompanhe na realização das tarefas. Limite o uso de computador e jogos eletrônicos, focando em atividades que proporcionem a ele crescimento intelectual e lhe agregue valores. Se você mostrar para ele, ao contrário, que a novela ou qualquer outro programa, televisivo ou não, tem mais valor do que suas tarefas escolares, pode crer que estará indo no caminho contrário.
Pode ter certeza de que isso é muito mais difícil do que depositar uma determinada quantia por mês na conta da criança. Tirar seu tempo para acompanhar o desenvolvimento do seu filho, e a sua educação, é algo tão nobre que são poucos os que praticam, mas os resultados são, em regra, bem melhores do que daqueles que se preocupam apenas em acumular para eles.
Mais fácil é gastar do que saber se virar na vida para conseguir o que se quer. Ensinando os valores corretos e dotando seu filho de conhecimento e de disposição para o trabalho, você pode “morrer tranquilo” sem deixar nenhum tostão para ele, que nada lhe faltará.
Prezado Beto,
Sempre aguardo na expectativa seus textos, sempre diretos e esclarecedores. Estou nesse dilema pois tenho dois filhos ainda pequenos e acredito piamente que o acompanhamento das atividades diárias e uma boa base moral são preponderantes sobre a reserva de capital, mas a primeira não invalida esta segunda opção. Acho que podemos sim estar presentes (e afirmo que é uma tarefa árdua essa dupla jornada!) e garantir uma poupança aos pequenos para financiar estudos e uma temporada no exterior “parcialmente subsidiada”. Se eles cresceram com os valores corretos, vão dar o devido crédito a isso e será um bônus e não um fardo apenas, acredito eu. Excelente texto!
Olá, Danilo,
Muito obrigado pelo seu comentário.
Concordo com você. O meu ponto foi incisivo no oposto, para poder fazer com que a formação de uma poupança seja apenas vista como complementar, e não como principal.
Abraço do Beto
Excelente texto!
Olá, Marco,
Obrigado!
Abraço do Beto
Olá Beto,
Adorei ler o seu fantástico artigo, está de parabéns pelo mesmo.
Abraço!
Olá, Jorge,
Muito obrigado.
Abraço do Beto
Brilhante!
Muito bom o texto Beto , principalmente no que tange a abordagem dos VGBL e PGBLs da vida , aquilo é assalto a mão armada .Não sei quem seria o responsável pela fiscalização , CVM , BACEN , etc , mas a venda daquilo deveria ser proibida!!!!!É de uma canalhice matemática fora do comum!!
Grande abraço.
Olá, Fabio,
Muito obrigado pelo comentário.
Quem supervisiona esse segmento é a SUSEP.
Abraço do Beto
Olá, Gilberto,
Muito obrigado!!!
Abraço do Beto
Texto direto e esclarecedor, parabéns, também temos dicas de como ganhar mais ou gastar menos em nosso novo blog o GM2x Visitem-o através do link: http://goo.gl/qtXgmr
Obrigado!
Bom Post Beto. O que acho mais importante é o acompanhamento da educação do filho do que pensar em como guardar dinheiro para ele no futuro.
Imagine você economizar por muitos anos e seu filho não dar valor naquela faculdade que você está pagando.
Outro fator forte da geração atual é o consumismo desenfreado onde os pais não conseguem controlar, eu falo também sobre isso no meu site http://upfinancas.com.br/educacao-de-filhos/
Parabéns pelas sábias palavras “que a formação de uma poupança seja apenas vista como complementar, e não como principal”.