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  1. Poxa, Beto! Hoje voltei ao seu blog, para usar um “diálogo” que tivemos sobre “BANCO GOSTA É DE TUTU”. Achei muito respeitosa sua colocação, na época, e fiz questão de reproduzi-la, ontem, em uma postagem de meu blog…

    Em outras visitas, apoiei totalmente suas colocações sobre aquele cálculo maluco, feito pelo BACEN, para quem antecipa mais de 12 parcelas em um financiamento, envolvendo SELIC – muito longe do entendimento do povão, da razoabilidade, da legalidade…

    Mas agora vejo esta sua nova colocação e sou obrigado a discordar de novo.

    Como você deve saber, as distribuidoras de energia (PRIVADAS), só tem lucratividade menor do que a dos bancos.

    Provavelente você acompanhou o que ocorreu em Pernambuco, quando, aumentada a base de clientes ou o consumo, segundo a “fórmula vigente”, o reajuste da energia levaria o preço para a lua. Foi aberta uma CPI e a ANEEL “mudou o critério”. Na verdade, a Agência, apenas reescreveu o que estava explícito na letra e no espírito das leis. Acho que os pernambucanos nem chegaram a ser submetidos àquela pretensão surreal.

    Segundo a regra, mal interpretada e mal aplicada, cada consumidor pagava um pouquinho, para cobrir a parte dos “encargos setoriais”. Estimada uma base de clientes / consumo, a empresa fazia o mero papel de arrecadadora do dinheiro para “cobrir os encargos”, embutindo tudo na tarifa. Ocorre que, como o aumento da base, muito mais clientes foram chamados a pagar a parcelinha de um custo que era fixo, tomada uma “base estimada” – sobrou dinheirão no caixa, as empresas ficaram “quietinhas” e a Agência “demorou a perceber”…

    Assim o povo foi tungado, Beto!

    Aqui, em Sampa, houve reajuste de 15%. Não sei se você chegou também a comentar no seu blog…

    Agora, com a modificação da formula, parte da distorção foi eliminada, de forma que o aumento no consumo ou na base de clientes não deve continuar gerarando “enriquecimento ilícito” às companhias, por conta dos “encargos setoriais”.

    Você está aparentemente preocupado com a desvalorização das ações – mas é bom lembrar como foi construída a fortuna!

    Só que há um passivo a ser resolvido. Sim, um esqueleto! Precisam devolver aquela graninha que ficou “a mais” e também é necessário fazer com que as tarifas voltem ao patamar correto. Sim, porque por anos e anos, o reajuste seria “x”, se bem apurado, mas colocavam “x+y”; no ano seguinte, “x+z” no outro ano e assim por anos e anos. Precisamos “remover” todos estes “fatores não xiz” e deixar só os “xizes” de cada ano, de modo que as tarifas retornem aos patamares justos.

    Quanto a evitar os ditos “gatos”, a solução adotada é realmente um subsídio bem maior, de forma que um contingente significativo da população (quem ganha até meio salário mínimo per capita e esteja incluído no CADÚNICO) possa pagar a TARIFA SOCIAL, com condições especiais de parcelamento, em caso de atraso no pagamento das contas e corte só em último caso. Há uma nova Lei Federal sobre isso tudo (Lei 12212).

    E quem pagará isso tudo?
    Claro que nós todos, da classe media para cima, que felizmente não precisamos dos subsídios, pois temos nossos empregos, dente outras regalias, quando não somos empregadores…

    E o que é preciso para baixar ainda mais a tarifa, para evitar os “gatos”, sem ferir a dignidade humana, mantendo a prestação do serviço essencial?

    Tarifas módicas.

    As empresas dizem que é necessário “baixar impostos”.

    Mas o que precisamos é também baixar o lucro das empresas, caro Beto!
    Sim, poirque pagamos a quinta maior tarifa de energia do mundo!
    (Aliás, estamos sempre “na frente” quando o quesito é tarifa – de telefone, pedágio das estradas “à moda antiga”, etc)

    E veja vocẽ que a mentalidade atual é discriminar na conta a parcela do imposto – mas ninguém vê ali discriminada a parcela do lucro?

    E devemos, sim, sustentar a parte mais carente da população, a que estuda em escolas piores, que tem menos oportunidades, até para evitar maior tensão social.

    Espero ter contribuído.
    E que todos possamos largar esse discurso de que “não podemos pagar o que outros usam de graça”.

    Afinal, os mais pobres são os mais interessados em pagar, desde que a tarifa caiba no orçamento, desde que tenham emprego, desde que tenham condições, desde que se tenha JUSTIÇA…

    Aliás, até na questão do emprego, as companhias de energia poderiam ajudar. Outro dia, foi a um evento, onde disseram que estão oferecendo oportunidades às pessoas, em cursos de pedreiro, no SENAI. Curiosamente, vi uma reportagem dizendo que faltam pedereiros… Até quando?

    Que tal seria se contratassem o número de eletrecistas que o sindicato diz ser necessário para realizar as atividades de rotina, já que sempre contratam menos do que o indicado? Ou ao menos o número de homens compatível com o que é colocado nas “empresas de referência”, que são a base de formação das tarifas?

    O dinheiro do trabalho, irrigando a economia, as empresas de energia cumprindo plenamente sua função, que não é a de “ter o lucro pelo lucro”.

    Aliás, acho que bom mesmo seria que tivéssemos CELESC – empresas públicas em todo o país.

    Mas, como isto parece um tanto utópico para o momento, por ora espero que a Eletropaulo cumpra suas metas de redução de demanda com o PROCON e deixe de ser a terceira empresa com mais reclamações fundamentadas.

    Ah… se sou capitalista? Talvez, mas inimigo do capitalismo selvagem, ainda reinante, neste país!

    Abraço!

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