Esta é a pergunta mais comum no mercado de ações. Mas há casos especiais, nos quais a nossa dúvida ainda é maior. Depois de falar sobre o que são ações e de dar uma “geral” com a postagem Ações como investir, trago o caso do Paulo que, como podemos ler na mensagem abaixo, é um destes especiais:
Olá Beto,
Em fevereiro de 2008 fiz uma aplicação em um fundo PIBB,ganhei alguma coisa,mas em junho veio a grande crise da bolsa.Estou neste fundo desde então e nesses 3 anos não tenho ganhado nada,é como se tivesse deixado o dinheiro em baixo do colchão.Não é uma quantia que eu vá precisar no curto prazo.A minha pergunta é:devo deixar a aplicação neste fundo ou migrar para um fundo DI e aproveitar o atual aumento dos juros? Forte abraço.
Paulo Medeiros
Caruaru-PE
A pergunta do Paulo nos levará a um dos mais intrigantes conceitos relativos aos investimentos, isto é, a renda variável e a hora de ficar ou de sair. Este é um caso típico que ocorre com a maioria das pessoas. Para uma explicação um pouco mais consistente, precisaria escrever um texto bem maior, mas vou dar aqui a ideia principal.
Vamos observar o gráfico de três investimentos diferentes: um fundo PIBB do Banco do Brasil, um fundo de dividendos, também do Banco do Brasil, que entra aqui somente para ajudar na nossa análise, e um DI.
A linha azul representa o fundo PIBB, a vermelha o de dividendos e a verde o DI. O ponto “A” na imagem, representa a data de janeiro de 2005. É como se naquela data, tivéssemos colocado R$ 100, em cada um desses investimentos.
O que vai acontecer, então? Vamos para a briga entre as duas curvas de fundos de investimento em ações: uma hora um sobe mais que o outro e vice-versa. Por outro lado, de uma maneira geral eles estão um pouco próximos.
Muito bem, o período que vai do ponto “A” ao ponto “B” é um dos mais prósperos para o mercado acionário. Na realidade, ele começa um pouco antes do ponto “A”, mas o fundo PIBB não existia nessa época e o que interessa aqui é a ideia.
Qualquer investidor, por mais desconhecedor que fosse acerca do funcionamento do mercado de ações, poderia escolher um fundo entre os dois mostrados aqui e fazer “sua fezinha”, desde que estivesse no ponto “A” no tempo, isto é, no início de 2005 (ou até dois anos antes).
Todavia, assim como uma montanha russa, quando chegou o ano de 2008, mais especificamente em setembro, a coisa começou a “fazer água”. Para aqueles que entraram em janeiro de 2008, por exemplo, já estavam perdendo dinheiro.
Se você olhar o gráfico, vai ver que em janeiro de 2008 os valores estavam positivos. Mas isso só ocorreu porque você vinha com uma gordura de 2005. Para clarear mais a sua visão, vamos olhar este outro gráfico:
Uma explicação inicial: nesta nova imagem, o valor de R$ 100 foi aplicado em janeiro de 2008. Ele começa perdendo dinheiro em ambos fundos de ações de janeiro até, mais ou menos maio, e, de julho em diante, o investidor do fundo PIBB não ganhou absolutamente nada.
Você nota que o investidor em fundos DI teria um ganho muito mais acentuado do que aquele que investiu em ações.
Mas os números não mentem, apenas enganam. Por isso é preciso muito cuidado para olhar gráficos, como acabamos de ver. A mesma informação (os resultados dos fundos são os mesmos, simplesmente mudamos o ponto de partida) pode gerar uma interpretação errada da nossa parte.
Dessa forma, torturando um pouco mais os dados, vemos que a questão do tempo de entrada é vital para o desempenho da nossa aplicação financeira.
A resposta para o nosso amigo Paulo?… Vamos continuar a discussão segunda-feira.